Santana acusa Sampaio de ter "peso terrível" na consciência por deixar "país à deriva"

O ex-primeiro-ministro comentava o novo livro do antigo Presidente da República.

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Em 2015, durante a assinatura de um programa entre a Santa Casa e a Plataforma Global de Assistencia Académica a Estudantes Sírios Enric Vives-Rubio/Arquivo

O ex-primeiro-ministro Santana Lopes considerou esta terça-feira que o antigo Presidente da República Jorge Sampaio tem “um peso terrível” na consciência por dissolver o Parlamento em 2004 e permitir um executivo que “pôs o país à deriva”.

“Compreendo que o doutor Jorge Sampaio tenha esse peso na consciência porque a decisão dele [de dissolver a Assembleia da República em Julho de 2004] é que pôs o país à deriva”, sustentou Santana Lopes na SIC Notícias, no seu habitual espaço de debate às terças-feiras com o socialista António Vitorino.

O ex-chefe do Governo comentava as considerações de Sampaio sobre o período em que esteve à frente do Governo, inscritas no segundo volume da sua biografia política, da autoria do jornalista do Expresso José Pedro Castanheira, que será lançado em 20 de Março e apresentado em 7 de Abril.

Fartei-me do Santana como primeiro-ministro, estava a deixar o país à deriva, mas não foi uma decisão ad hominem. Ninguém gosta de dissolver o Parlamento e eu tomei essa decisão em pouco mais de 48 horas. Hoje faria o mesmo, porque era preciso”, salienta o ex-chefe de Estado no livro, que tem a chancela da Porto Editora.

“Até me custa à crer que essa frase seja dele. Tenho o doutor Jorge Sampaio na conta de uma pessoa educada”, começou por afirmar Pedro Santana Lopes, recordando que por diversas vezes dissera que não iria debater o período que levou à dissolução do parlamento em Julho de 2004 e abriu caminho à primeira maioria absoluta do PS, com José Sócrates como primeiro-ministro.

De qualquer forma, Santana Lopes disponibilizou-se para debater com Jorge Sampaio na televisão, insistindo que o ex-Presidente deve ter “um peso terrível” na consciência, porque quando dissolveu o Parlamento, o seu Governo “estava a aborrecer um pouco a banca”, sobretudo alguns dos que agora estão a ser perseguidos pela Justiça.

“Se o doutor Jorge Sampaio quiser falar disso civilizadamente, estou ao dispor. Agora, de bocas os portugueses estão fartos”, acentuou. Quanto a ideia de que a mudança de Governo nas eleições de 2005 veio dar razão à decisão de dissolver o Parlamento, o actual provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa recorreu a uma metáfora para responder.

“Quando um Parlamento é dissolvido a meio do mandato de um Governo, normalmente isso dá a vitória à oposição. Não era difícil acertar no Euromilhões nessa altura”, concluiu.

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