Sampaio: “Fartei-me do Santana como primeiro-ministro”

Das ameaças de Barroso às expectativas do PS, passando pela dissolução do Parlamento. O ex-Presidente da República regressa ao que aconteceu em 2004/2005 na segunda parte da sua biografia.

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Sampaio faz novas revelações sobre o mandato enquanto Presidente da República Daniel Rocha

“Hoje faria o mesmo”, garante Jorge Sampaio. O antigo Presidente da República diz que não teve outra opção e que demitiu Pedro Santana Lopes porque já tinha chegado ao fim da linha da paciência com a governação que “estava a deixar o país à deriva”.

As novas confissões de Jorge Sampaio estão na segunda parte da biografia Jorge Sampaio – Uma biografia, de José Pedro Castanheira, reveladas pelo Expresso. Nos excertos revelados pelo jornal, Sampaio explica por que teve de dissolver a Assembleia da República e provocar eleições legislativas antecipadas em 2005.

“Fartei-me do Santana como primeiro-ministro, estava a deixar o país à deriva – mas não foi uma decisão ad hominem. Hoje faria o mesmo. De vez em quando é preciso dar voz ao povo – e percebi qual era o sentimento do povo”, disse.

Na biografia, Sampaio garante que não tinha qualquer plano para nomear Santana para depois o demitir. “Não há, de todo, nenhuma ligação entre a nomeação de Julho e a dissolução de Dezembro, que foi a hecatombe. Ainda hoje há quem pense que foi tudo uma artimanha, uma dissolução cínica e conspirativa”, conta.

E como prova de que não foi uma grande conspiração que planeou a partir de Belém, Sampaio conta que enquanto recebia “ameaças” de Durão Barroso, tentou várias alternativas a Santana. Desde logo Marcelo Rebelo de Sousa e Manuela Ferreira Leite, mas que estes recusaram a ideia. “Ninguém quis e fiquei com a criança nos braços e num beco sem saída, porque o dr. Barroso ia fazendo ameaças: que fazia disto uma crise, que ficava cá e ia disputar as eleições, etc. Estou convencidíssimo que ele tinha um compromisso com Santana e que estava tudo combinado entre eles – pelo menos tudo fez para que fosse ele o seu sucessor”.

Um mês depois de chegar às livrarias o livro de balanço de mandato de Cavaco Silva, Sampaio volta a agitar as relações entre anteriores chefes de Estado e chefes de Governo.

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