Árbitros admitem fazer greve na próxima época

O motivo é o clima que se tem vivido na arbitragem nos últimos tempos.

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O caso que envolve a família de Jorge Ferreira é mais recente das 52 participações que a APAF fez esta época LUSA/HUGO DELGADO

O presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), Luciano Gonçalves, admite que os árbitros podem fazer greve, como forma de protesto contra o clima que se tem vivido no futebol português.

“Todos os cenários são possíveis. Nós queremos que as coisas decorram com a maior tranquilidade possível. Da forma como as coisas as coisas estão, tudo é possível”, afirmou o dirigente, em declarações durante o fórum da Antena 1.

Esta reacção surge depois de o Diário de Notícias (DN) ter avançado nesta sexta-feira que os árbitros da primeira categoria do futebol português (I e II Ligas) estão a ponderar fazer uma greve e não dar início à temporada de 2017/18. O que os juízes pretendem é que os clubes profissionais aprovem alterações ao Regulamento Disciplinar, como forma de resposta ao clima de ameaças que a classe vive.

“Os árbitros e uma equipa de advogados estão a analisar os actuais regulamentos de disciplina das competições profissionais para apresentarem propostas de alteração a colocar em prática na próxima época, com o objectivo de protegerem a classe de situações como aquelas que se têm verificado nos tempos recentes, não apenas no que diz respeito às declarações inflamadas de agentes desportivos contra os árbitros, mas também a acções de intimidação”, escreve o DN.

Outras das mudanças pretendidas, escreve ainda o DN, é que as alterações ao regulamento abranjam os comentadores televisivos afectos aos clubes.

Luciano Gonçalves confirmou que a APAF está a “trabalhar na sugestão da alteração de regulamentos, para que se possa acabar com estas situações. Os clubes têm de ser penalizados. Os próprios adeptos podem ser penalizados”.

A posição da APAF surge depois de na madrugada desta quinta-feira ter sido vandalizado o estabelecimento comercial do pai do árbitro Jorge Ferreira, que tinha dirigido o jogo Estoril-Benfica. Na paredes, foram escritos a azul o número "86" e as iniciais “SD”, em referência à claque portistas dos Super Dragões. Também se podia ler a frase “Aqui venera-se Calabote”.

O árbitro português disse que não tem medo, mas que teme “pela integridade física” dos seus “mais próximos”. Esta é umas das situações que os árbitros querem ver penalizadas, ao responsabilizar qualquer pessoa que ponha em causa a sua dignidade ou a da sua família, diz o DN.

Jorge Ferreira é o caso mais recente das 52 participações que a APAF já realizou esta época contra os casos de violência e intimidação. Segundo Luciano Gonçalves, o número de queixas da época 2016/2017 “mais do que duplica as registadas no período homólogo da época passada". O presidente da APAF disse ao DN que as 52 queixas vão desde “os escalões distritais até aos campeonatos profissionais”.

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