Realizadores premeiam La La Land (e Lion e A Guerra dos Tronos)

Damien Chazelle tem a estatística do seu lado rumo aos Óscares, mas Iñárritu não quer ouvir falar dela no que toca a Trump – os prémios da Directors Guild of America também foram política.

Foto
Chazelle foi o grande premiado da noite PHIL MCCARTEN/Reuters

La La Land – A melodia do amor continua o seu caminho de triunfos até aos Óscares, depois de a Directors Guild of America (DGA) ter entregado no sábado a Damien Chazelle o prémio de melhor realizador. Desde 1948, só sete dos cineastas que receberam este galardão da organização não venceram o Óscar. Chazelle é o vencedor mais jovem do prémio da DGA e foi acompanhado nas distinções por Garth Davis, que recebeu o prémio de melhor realizador estreante, e por Miguel Sapochnik, pela realização em televisão com A Guerra dos Tronos. Mas a noite, claro, também não esqueceu Donald Trump.

“A vitória de Chazelle no sábado à noite só cimentou o que já sabemos, que o seu encantador musical moderno tem um encontro marcado com o destino”, escreve na Variety o editor Kristopher Tapley. Sem qualquer impacto que não o mediático no percurso do seu filme para o importante Óscar, Chazelle já venceu o Globo de Ouro de realização na categoria de musical ou comédia e foi distinguido pelas associações de críticos de Boston, Florida, Ohio, Chicago ou Washington.

Estavam também nomeados para melhor realizador, na cerimónia que decorreu em Beverly Hills, Los Angeles, Garth Davis (Lion), Barry Jenkins (Moonlight), Kenneth Lonergan (Manchester by the Sea) e Denis Villeneuve (Primeiro Contacto). No documentário, outro nome que se tem repetido nesta temporada de prémios foi mais uma vez vencedor – Ezra Edelman recebeu o prémio pelo seu longo tomo televisivo com estreia nos cinemas O.J.: Made in America.

 A DGA, uma antecâmara dos prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, também premeia a televisão e confirmou o Emmy de Miguel Sopochnik pelo nono episódio da sexta temporada do épico televisivo A Guerra dos Tronos, o muito discutido The Battle of the Bastards. Na categoria de minisérie, The night of (que, tal como A Guerra dos Tronos, é uma série HBO) deu o prémio a Steven Zaillian. Na comédia, o galardão foi para a realizadora Becky Martin por Inauguration, noutra série da HBO, Veep.

Entre prémios e apresentações, quem subiu ao palco durante a noite continuou na senda encetada uma semana antes nos prémios do Screen Actors Guild. La La Land, que tem sido visto como um filme escapista contra as histórias mais politizadas de outros candidatos aos Óscares como Moonlight, Elementos Secretos ou a proximidade com a classe trabalhadora de Manchester by the Sea, entre outros, foi enquadrado no momento político actual por Damien Chazelle: “Escrevi este filme há seis anos, numa época muito diferente, no que me pareceu um período mais esperançoso no mundo. Espero que o filme dê algum tipo de esperança”, disse o realizador premiado aos jornalistas, citado pelo Los Angeles Times, nos bastidores.

Billy Wilder e Fritz Lang foram lembrados como imigrantes que fugiram da Alemanha nazi para se tornarem membros da DGA e cidadãos livres nos EUA, como exemplificou o presidente da guilda que tinha já na semana passada criticado a ordem – entretanto suspensa – de restrição à entrada de cidadãos de vários países e de refugiados no país. “Todos sabemos que a história que se está a escrever agora é muito, muito má. Na verdade, é um mau remake de uma das piores histórias do último século. A única forma e ganhar é contar histórias humanas boas, complexas e verdadeiras”, disse o realizador premiado pela DGA nos dois últimos anos, o mexicano Alejandro González Iñárritu. “Nenhum facto alternativo ou estatística vai derrotar isso.”

Ridley Scott recebeu o prémio carreira da DGA na mesma noite e anunciou que no seu discurso não falaria de política.

Sugerir correcção
Comentar