Vinda de refugiados yazidis ocorre no âmbito do programa europeu, diz Eduardo Cabrita

A agência de notícias AP diz que a Grécia teria rejeitado um pedido de Portugal para acolher yazidis por considerar esse pedido discriminatório.

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Eduardo Cabrita anunciou ontem no Parlamento que Portugal está prestes a receber 30 yazidis LUSA/ANTÓNIO COTRIM

O ministro-adjunto Eduardo Cabrita considerou esta quarta-feira que a vinda para Portugal de 30 pessoas da comunidade yazidi surge no âmbito do programa europeu de recolocação de refugiados decidido em 2015, e não por qualquer outro pedido específico.

"Há um programa europeu de recolocação decidido em setembro de 2015 que envolve a recolocação a partir de campos refugiados na Grécia e em Itália (...). Nesse quadro houve elementos da comunidade yazidi em campos na Grécia que manifestaram interesse em ser colocados em Portugal e Portugal aceitou", explicou Eduardo Cabrita, em declarações à agência Lusa.

O ministro-adjunto falava na sequência de uma informação divulgada pela Associated Press de que as autoridades gregas teriam rejeitado um pedido de Portugal para acolher refugiados da comunidade yazidi.

"Portugal aceitou e manifestou essa disponibilidade [para acolher esses refugiados], manifestámos ter condições para acolher até cerca de 400 pessoas da comunidade yazidi e estamos a preparar – em função das características culturais e de organização dessa comunidade – as regras de acolhimento que parecem mais adequadas", acrescentou.
Eduardo Cabrita explicou que a quota nacional no âmbito do programa de recolocação de refugiados é de cerca de 5000 pessoas, e recordou que Portugal, nesse quadro, recebeu até hoje quase 1000 pessoas – sírios, eritreus e iraquianos na maioria – vindas de Itália e da Grécia.

Quantos aos refugiados da comunidade yazidi, que manifestaram vontade de vir para Portugal, Eduardo Cabrita disse que "foi indicado pelas entidades que coordenam o processo de recolocação a partir da Grécia que [o grupo] poderá chegar nas próximas semanas".

"É exactamente porque não tem nenhum privilégio que [o grupo] só chegará agora", sublinhou.
O ministro-adjunto frisou que Portugal considera a comunidade yazidi um grupo particularmente vulnerável e, por isso, foi dentro da posição de participação e de esforço solidário, que manifestou disponibilidade para receber estas pessoas.

Os yazidi são uma comunidade étnico-religiosa que tem sido alvo de perseguições e massacres por parte dos terroristas do Estado Islâmico, como parte de uma campanha para retirar do Iraque e da Síria todas as influências não muçulmanas.

Eduardo Cabrita disse ainda que espera que a informação adiantada pela Associated Press de que a Grécia teria rejeitado uma proposta portuguesa para acolher elementos da comunidade yazidi seja um mal-entendido alegando que isso seria discriminatório pois outros países poderiam passar a escolher os refugiados que acolhiam com base e, critério étnicos e/ou religiosos".

"Espero que seja um mal-entendido. A posição portuguesa é de inteira cooperação", afirmou. Na terça-feira, na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, na Assembleia da República, Eduardo Cabrita revelou que Portugal vai acolher 30 pessoas da comunidade yazidi, que vão ser acolhidas na cidade de Guimarães.

Eduardo Cabrita acrescentou que no decorrer do primeiro trimestre deste ano irão chegar mais cem pessoas da mesma comunidade, que serão acolhidas em Lisboa, destacando que Portugal poderá receber até 400 pessoas, tendo sido um dos únicos dois países europeus, a par com a Alemanha, que se disponibilizaram para acolher pessoas da comunidade yazidi.

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