O fim das festas

Nunca mais acabavam os feriados. É bom saber que as crianças voltaram para a escola. Ouve-se o silêncio e dá-se graças à inflexibilidade do ano académico. Com os adultos o alívio ainda é maior. Estávamos todos fartos de nos vermos desocupados mas cheios de obrigações familiares, aflitos de tanto tempo dito livre, enchendo os recintos de botas exóticas, encontrões e hálito a tabaco. A partir do próximo fim-de-semana teremos, pelo menos, nove longos meses em que não ouviremos falar do Natal. É um luxo. É a melhor altura do ano.

Os feriados existem para darmos valor à normalidade. Ainda bem que a banalidade e a rotina ocupam o ano quase inteiramente. Viva o pão fresco: as torradas só sabem bem quando não são impostas pela ditadura
do calendário.

O bom tempo acabou na segunda-feira, dia 2 do ano novo, como se divinamente ordenado.  Disse-nos, com água fria - mesmo a quem não queria ouvir - que tinha acabado a época das passeatas ao solinho, de pé ligeiro e corações ao alto. E que agora era mesmo preciso trabalhar.

O Instituto do Mar e da Atmosfera disse-nos que Dezembro foi mais quente do que o normal. Qual foi a medida deste descalabro tropical? Mais 0,5ºC do que a média do costume. Em 2015 foram mais 2,36ºC: que saudades! Como se alguém se lembrasse.

Enquanto escrevia isto as montras encheram-se de caraças e serpentinas. É verdade: vem aí o Carnaval. E precisa - ó trovões do vale do Tâmega, concedam-nos a mais santa das paciências - que mantenhamos a boa disposição. Por ora.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários