Doze modelos iranianos acusados de prostituição

Tribunal condena oito mulheres e quatro homens por promoverem "nudez ao estilo ocidental".

Foto
Desde 1979 que as mulheres iranianas são obrigadas a cobrir a cabeça em público BEHROUZ MEHRI/AFP

Um tribunal iraniano condenou 12 modelos – oito mulheres e quatro homens – a penas que vão até aos seis anos de prisão por terem violado as regras de decência e “encorajado a degradação moral”, expondo “moda ocidental nas redes sociais”, noticiou a agência ILNA.

Os arguidos são todos considerados culpados de “espalhar a prostituição” através de imagens nas quais as mulheres não aparecem de cabeça tapada pelo véu islâmico, o hijab, e os homens usam roupas que promovem uma “cultura da nudez ao estilo ocidental” e que “incita os muçulmanos a corromperem-se”, considerou o tribunal da cidade de Shiraz, no Sudoeste do país.

O advogado de defesa adiantou à agência ILNA que as penas de prisão vão dos cinco meses aos seis anos. Para além disso, os arguidos ficam proibidos de trabalhar na indústria da moda e de viajar para o estrangeiro durante os próximos dois anos, acrescentou Mahmoud Taravat. Segundo o advogado, todos negam as acusações e vão recorrer da sentença.

Taravat não adiantou os nomes dos arguidos, mas afirmou que entre eles está um homem que recebeu uma pena de seis anos de prisão e ficou proibido de trabalhar em jornalismo ou serviços governamentais durante os dois anos que se seguirem à libertação; uma mulher e um homem foram condenados a cinco anos e proibidos de trabalhar em design de moda; outro homem foi sentenciado com dois anos e proibido de trabalhar em fotografia, refere a BBC.

Já no início do ano, o Irão lançou uma ofensiva contra pessoas que trabalham na área da moda acusando-as de comportamentos “não islâmicos”. Em Maio, oito pessoas foram detidas por terem colocado na Net fotografias em que as mulheres apareciam de cabeça destapada, quando desde 1979 a lei iraniana exige que todas as mulheres cubram a cabeça em público. Foi esse o caso da modelo Elnaz Golrokh e do seu parceiro, Hamid Fadei, famosos no Irão pelas fotografias que colocam no Instagram. Tiveram que deixar o país e continuam a usar a sua conta a partir do Dubai para os seus 850 mil seguidores.

Num artigo publicado em Maio em que noticiava o caso de Golrokh e Fadei (e onde se mostra a modelo com um vestido branco curto e o cabelo livre de lenços), a BBC referia que para a polícia dos bons costumes a Internet se tornou numa zona de guerra contra a ocidentalização. Um dos principais procuradores iranianos, Abbas Jafari Dowlatabadi, admitia que as contas nas redes sociais estavam a ser espiadas há dois anos no âmbito da Operação Aranha II. Trezentas contas de Instagram estavam a ser vistas à lupa, bem como 50 salões de cabeleireiro, agências de modelos e estúdios de fotografia.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários