A Chapecoense era um caso de sucesso no futebol brasileiro

Clube subiu da quarta divisão à primeira em cinco anos.

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Tributo às vítimas do acidente de aviação junto ao estádio da Chapecoense Reuters/PAULO WHITAKER

Mais do que um caso de sucesso desportivo, a Associação Chapecoense de Futebol foi nos últimos anos um raro caso de sucesso também fora dos relvados brasileiros. Fundada apenas em 1973, a Chapecoense nasceu e cresceu assente no investimento de uma série de empresários bem sucedidos da região oeste do estado de Santa Catarina, especialmente a partir de 2005. Ao contrário da maior parte dos emblemas brasileiros, a Chapecoense tem um orçamento realista e respira saúde financeira. Segundo conta o jornal Folha de São Paulo, o orçamento para 2016 era de 45 milhões de reais (cerca de 12 milhões de euros) contra, por exemplo, 400 milhões (110 milhões de euros) do Flamengo.

O plantel também foi construído em moldes diferentes dos que são habitualmente utilizados pelos principais emblemas brasileiros. Sem vedetas e com salários realistas, a equipa da Chapecoense teve um crescimento sustentado a partir de 2008 e, em cinco anos, passou da Série D à Série A, onde se mantém de forma ininterrupta desde 2014.

Equipa da cidade de Chapecó, com 200 mil habitantes (o que para o universo brasileiro é quase uma aldeia), estava a atravessar um dos seus melhores momentos desportivos. Esta temporada tinha ganho o campeonato estadual, ocupava o 9.º lugar da principal divisão do futebol brasileiro e estava a disputar, pela primeira vez, a final de um troféu continental – a Copa Sul-Americana (competição equivalente à Liga Europa). Isto na sua estreia na competição e depois de ter eliminado no seu percurso até à final equipas de topo no futebol argentino como o Indepediente ou San Lorenzo.

O ponto de viragem da Chapecoense aconteceu em 2005 quando, afundada em dívidas, foi apoiada por um grupo de empresários da cidade, que saldaram as dívidas e evitaram a falência do clube. Nesse período, a Chapecoense atravessou dias difíceis. Não tinha campo de treinos, nem ginásio, fazendo com que os jogadores treinassem em relvados emprestados. “Muitos jogadores iam treinar-se de transportes públicos”, revelou o avançado Bruno Rangel ao jornal El País.

Hoje em dia, com um centro de treinos que ocupa uma área total de 83 mil metros quadrados e inaugurado em 2014, a realidade é bem distinta. Mas não são apenas as condições de trabalho e a saúde financeira que ajudam a explicar o sucesso da Chapecoense. O apoio dos adeptos à sua equipa também se revelou fundamental. Com uma média de 7600 pessoas por jogo, o clube tem as melhores assistências entre os emblemas de Santa Catarina.

O sucesso da Chapecoense, pouco conhecido, deu agora lugar a uma tragédia que ficará conhecida em todo o mundo.

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