Xi Jinping tem agora o título que já foi de Deng e de Mao

Presidente da China vê o seu poder sair ainda mais reforçado da reunião do comité central do Partido Comunista Chinês.

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O presidente chinês tem-se destacado pela luta contra a corrupção AFP/ALY SONG

Depois de Mao Tsetung, Deng Xiaoping e Jiang Zemin, o actual Presidente chinês, Xi Jinping, foi agora consagrado como sendo o centro do comité central do Partido Comunista Chinês (PCC).

A tradução do termo chinês para esta posição (hexin) é "núcleo" e foi assim que Deng, o pai da reforma económica chinesa, se denominou a si próprio, tal como o eram Mao e Jiang Zemin. Explica o El País que, na prática, tal significa que as ordens dos grandes líderes não deviam ser discutidas.

Esta designação, que deixou de ser usada no início do século com a chegada ao poder de Hu Jintao, foi agora recuperada, como se pode ver por um comunicado da agência oficial de notícias de Pequim, Xinhua, que, assinalando o encerramento, nesta quinta-feira, da reunião da direcção do PCC, apela a que os 80 milhões de militantes do partido “se unam firmemente em torno do comité central, com o camarada Xi Jinping como 'núcleo'”.

É mais uma vitória para o Presidente da China e secretário-geral do PCC, Xi Jinping, que se tornara já o líder mais poderoso desde Deng. Xi tem centrado a sua política na luta contra a corrupção. O sinólogo Roderick MacFarquhar diz que, através desta campanha, Xi está a fazer a sua própria “revolução cultural”. “Enquanto Mao queria fazer dos líderes chineses revolucionários, Xi quer torná-los sérios”, escrevia no ano passado na New York Review of Books.

Mas para o especialista em política chinesa Willy Lan, da Universidade de Hong Kong, a recuperação da designação utilizada por Deng pode também ser vista como “um enorme desaire para a reforma política e institucional [na China], já que se trata de um esforço descarado com vista a construir um culto da personalidade, como aconteceu antes com Mao”, disse à agência AFP.

Já no início do ano tinha sido lançada uma campanha com vista a proclamar Xi como o novo hexin do PCC que desapareceu tão subitamente como surgiu. Segundo refere a correspondente do El País em Pequim, tal foi visto como um sinal de que nem todos os dirigentes chineses estavam dispostos a dar-lhe aquele título.

O comité central do PCC, que é constituído por 400 elementos, esteve reunido quatro dias num hotel de Pequim, rodeado de fortes medidas de segurança. Na reunião foi aprovado um novo estatuto disciplinar para os membros do comité central e convocado oficialmente o congresso do partido para a segunda metade de 2017. No congresso será aprovada a composição dos principais órgãos – comité permanente, comissão política e comité central.  

 

 

 

 

 

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