Rei da Tailândia internado em situação “instável”

O rei Bhumibol é o único elemento unificador de um país que é um barril de pólvora político. A sua morte é receada por todos.

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Pessoas em frente a um retrato do rei Bhumibol no Hospital Siriraj, em Banguecoque Chaiwat Subprasom / Reuters

A situação de saúde do rei da Tailândia, Bhumibol Adulyadej, está instável, revelou o palácio real. O monarca é uma figura fundamental no frágil panorama da política tailandesa e as notícias sobre a família real são altamente filtradas.

No trono desde 1946, o rei Bhumibol, de 88 anos, é o monarca com o reino mais longo actualmente e, apesar de ter poucos poderes, a sua figura é reverenciada pelos tailandeses – milhões têm quadros com a sua cara em casa e há leis muito duras a penalizar qualquer crítica ao rei ou à família real.

Durante o último ano, a condição clínica do rei deteriorou-se de forma acelerada, obrigando-o a passar muito desse tempo internado no Hospital Siriraj em Banguecoque.  A última ocasião em que apareceu ao público foi em Janeiro, lembra a Reuters.

O palácio real é geralmente muito cuidadoso com as informações que divulga sobre o rei, especialmente em temas sensíveis como o estado de saúde. Mas um comunicado no domingo foi o segundo desde o início do mês e refere que a pressão sanguínea do rei caiu depois de ter sido sujeito aos procedimentos que visavam prepará-lo para uma hemodiálise.

Desde então, Bhumibol passou a estar ligado a um ventilador para repor os níveis. “A sua condição ainda não estabilizou”, conclui a equipa médica que o está a acompanhar. A evolução clínica do rei teve um impacto imediato nos mercados financeiros, com a moeda tailandesa, o baht, a apresentar a queda mais elevada do ano, segundo o Bangkok Post.

A possível morte do rei tem um potencial explosivo no ambiente polarizado da política tailandesa. Nos últimos dez anos, o país passou por dois golpes militares que afastaram do poder governos com legitimidade eleitoral. Os dois derrubes são vistos como reacções das classes médias e altas das grandes cidades contra o apoio eleitoral dado pelas populações rurais, especialmente do norte do país, a políticos considerados populistas pelas elites urbanas.

Desde o golpe de Maio de 2014 que o país é governado por uma junta militar que tem concentrado em si cada vez mais poderes, ao mesmo tempo que não tem mostrado contemplações em perseguir os seus críticos.

Neste contexto, o rei Bhumibol surge como o elemento de equilíbrio na sociedade tailandesa. Há receios de que a sua morte atire o país para um período de incerteza. O herdeiro ao trono, o príncipe Vajiralongkorn, é altamente impopular no país e não é certo que a junta militar liderada pelo general Prayuth Chun-ocha lhe dê possibilidade de assumir o trono. 

 

 

 

 

 

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