"Não dissemos que íamos dar um dentista a todos os portugueses"

Outras ideias da entrevista ao ministro da Saúde.

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Nuno Ferreira Santos

Dentistas nos centros de saúde

“Face à escassez de recursos, temos prioridades. Não havendo dinheiro para todos, no caso da saúde oral, as prioridades serão provavelmente os idosos, diabéticos, seropositivos, [as pessoas] com carência económica extrema. Temos que interiorizar que fazer política de saúde com um carácter que respeite a equidade significa: os recursos que tenho são estes, então quem vou proteger? Nós não dissemos que íamos dar um dentista a todos os portugueses. Estamos a procurar qualificar os centros de saúde, dar mais respostas e vamos à velocidade que pudermos, com os recursos que temos.”

Serviços de saúde privados

“O sector privado não pode ter uma atitude de estar à espera que o SNS funcione mal para ter sucesso e não pode ter uma atitude predatória. Vejo com bons olhos aquilo que tem sido transmitido por alguns responsáveis desses grupos privados que estão a investir num corpo profissional dedicado, com carreiras próprias, com investigação, com ensino e em que efectivamente haja dois tipos de realidade: o SNS com o seu caminho, com os seus profissionais e com as suas carreiras, e o sector privado com as suas opções, com o seu caminho autónomo e não sempre à espera de fazer sucesso à custa da desgraça do sector público.”

Parcerias Público-Privadas na Saúde

“Ainda não recebi o estudo. O que eu vou fazer é o que está no programa de Governo”.

Novos cursos de medicina

“Para haver um curso de medicina ou para haver uma nova faculdade, há entidades que têm de se pronunciar, nomeadamente a Agência do Ensino Superior, e são matérias muito complexas. Não é por haver um anúncio que amanhã surgirá uma faculdade de medicina. Há toda uma tramitação, uma avaliação de critérios, técnica e científica, e é prematuro estar a falar sobre isso.”

Hospitais entregues a misericórdias

“Santo Tirso e São João da Madeira são casos que estão muito bem resolvidos, em cooperação muito estreita com as autarquias. Quanto a outros, estamos à espera que o grupo de trabalho que foi constituído no âmbito do gabinete do secretário de Estado adjunto nos habilite com uma decisão. Tal como nas PPP's, não vale a pena criar ficções onde a ficção não existe.”

Relação com o sector social

“Nós consideramos a relação com o sector social e com as misericórdias estratégica no plano social e da saúde. Temos uma enorme cooperação, por exemplo, na rede nacional de cuidados continuados integrados, onde eles são dominantes, onde fazem um belíssimo trabalho, onde a gente da economia social cria emprego. São de utilidade social local e nacional.”

Gastos com as 35 horas (que no sector da saúde e num semestre se estimava atingirem os 19 milhões de euros mas estão a rondar os 2,8 milhões de euros por mês)

"Estão dentro do orçamento. O que o senhor Presidente seguramente tem em mente [ao dizer que não quer que os gastos aumentem], e o Governo também, é saber qual é o impacto no conjunto da despesa, e aí creio que estamos muito confortáveis. Aliás, na saúde, os dois primeiros meses de aplicação, Julho e Agosto, dão sinais de que estamos dentro da meta e não está a haver nenhum desvio. O senhor Presidente da República referiu-se ao impacto no conjunto da Administração Pública, e a saúde é uma parte importante, mas é uma parte.

Influência dos partidos da geringonça no ministério

Temos uma relação institucional e parlamentar impecável. E quando eu digo impecável isto significa o seguinte: os compromissos que levaram à constituição da maioria governativa são, sob palavra de honra e sob compromisso político, para cumprir e, ou já foram cumpridos, ou estão a sê-lo. Depois, há matérias que não estão inscritas no compromisso e sobre os quais o PS, o Governo e os partidos que apoiam a maioria política do Governo têm posições diferentes.

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