Só a rebelião ou a hecatombe dos socialistas podem ajudar Rajoy a tomar posse

O líder dos populares convocou o comité executivo para exigir empenho máximo nas autonómicas galegas e bascas. Está apostado em levar o PSOE a "cortar a cabeça" a Sánchez.

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Pedro Sánchez é o alvo do conservador Rajoy Andrea Comas/Reuters

Só a rebelião de alguns socialistas ou a hecatombe eleitoral do PSOE nas autonómicas de Setembro permitirá que o conservador Mariano Rajoy (Partido Popular) consiga tomar posse como chefe de um novo governo, consideram os jornais El País e El Mundo nas edições desta quarta-feira.

Depois de dois dias de debates no Parlamento de Madrid, os populares concluíram que só uma rebelião entre a bancada socialista levará Rajoy a outro mandato à frente do executivo, disseram fontes da equipa do líder popular ao jornal El País. Rajoy já foi chumbado na quarta-feira pela maioria dos deputados e apresenta-se sexta-feira à segunda votação.

A dura intervenção do líder do PSOE, Pedro Sánchez, no debate de quarta-feira fechou "qualquer resquício de hipótese de uma mudança de posição em breve", disseram as fontes do jornal espanhol. "O PP só conta com uma improvável rebelião interna no PSOE para evitar novas eleições em Dezembro", escreve o jornal.

Logo a seguir à votação, alguns deputados conservadores consideraram que se rompeu definitivamente o canal de diálogo que ainda existia entre Rajoy e Sánchez e disseram estar frustrados por não haver solução à vista para desfazer o bloqueio político que já dura há oito meses.

Alguns dirigentes do PP, porém, ainda acreditam num possível acordo com os socialistas, caso este partido sofra um muito mau resultado eleitoral nas autonómicas na Galiza e País Basco, a 25 de Setembro.

Segundo as fontes da direcção do partido ouvidas pelo El Mundo, o próprio Rajoy quer apostar neste cenário, na falta de outro.

O chefe de governo em funções marcou para sábado uma reunião do comité executivo dos populares, ao qual vai pedir o máximo empenho nas eleições galegas e bascas.

Um mau resultado para os socialistas poderia abrir uma crise na liderança do PSOE – o jornal El Español escreveu mesmo que Rajoy concedeu a si próprio um mês para levar o PSOE a "cortar a cabeça a Sánchez". Além disso, pode incutir neste partido o receio de nova hecatombe, esta nacional, em caso de novas legislativas. Seria obrigado a uma fuga para a frente, aceitando negociar a aprovação de um executivo dos populares antes da data limite para haver um acordo governativo, 31 de Outubro. Mariano Rajoy não fechou a porta à ideia de voltar a submeter-se a votação antes do fim de Outubro, caso seja novamente rejeitado sexta-feira.

Mas as fontes do PSOE, e de novo segundo o El País, disseram que perante a personalidade de Sánchez — numa guerra declarada com Rajoy — este será um cenário difícil, mesmo em caso de mau resultado nas autonómicas.

Este debate da investidura após meses de negociações entre os partidos serviu ao PP para formar aliança com uma das novas forças no Parlamento, o Cidadãos (centro). Os populares querem que esse pacto seja duradouro e não acabe já. "Não tem de ter data para expirar, nem sequer nas próximas eleições", disse uma fonte da direcção dos populares.

Se todas as estratégias políticas fracassarem, Espanha tem de voltar a votar em legislativas, tal como fez em Dezembro de 2015 e Junho de 2016; de ambas as vezes, não houve um partido com maioria ou com capacidade para criar uma aliança governativa.

O delicioso labirinto espanhol

 

 

 

 

 

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