Governo admite pedir ao Iraque fim da imunidade dos filhos do embaixador

Santos Silva diz ter transmitido aos responsáveis iraquianos que considera o "caso gravíssimo".

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O chefe da diplomacia portuguesa admitiu nesta segunda-feira pedir ao Iraque que renuncie à imunidade diplomática dos filhos do embaixador iraquiano em Portugal, suspeitos de agredirem um jovem em Ponte de Sor, se essa diligência for solicitada pela justiça.

"Como foi hoje dito pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros ao embaixador iraquiano, se para o apuramento dos factos for preciso pedir ao Iraque que renuncie à imunidade diplomática dos dois filhos do embaixador o Ministério dos Negócios Estrangeiros fará esse pedido e espera a melhor cooperação das autoridades iraquianas", afirmou Augusto Santos Silva, em declarações no Jornal da Noite da SIC.

Na quarta-feira, um jovem de 15 anos foi agredido em Ponte de Sor, distrito de Portalegre, tendo sofrido múltiplas fracturas. A vítima foi transferida para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde se encontra internado em estado considerado grave. Os dois rapazes suspeitos da agressão são filhos do embaixador do Iraque em Lisboa, Saad Mohammed Ali, e têm imunidade diplomática.

Augusto Santos Silva sublinhou que a "imunidade diplomática é um instrumento muito importante para defender e proteger a diplomacia, não é para consentir abusos". "Quem tem imunidade diplomática, tem uma responsabilidade acrescida no seu comportamento", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros.

Nas declarações à SIC, o chefe da diplomacia portuguesa sublinhou que Portugal já transmitiu ao Iraque que considera o "caso gravíssimo" e que espera a "máxima cooperação das autoridades iraquianas para que possa ser esclarecido e para que a justiça possa ser feita".

O ministro disse que responderá de imediato a uma eventual solicitação das autoridades judiciárias portuguesas para o levantamento da imunidade dos suspeitos para que possam "ser interrogadas ou trazidos a inquérito". "A minha responsabilidade é que não haja um minuto de distância entre esse pedido das autoridades judiciárias portuguesas e a diligência formal do MNE de esse pedido ser correspondido", afirmou.

Augusto Santos Silva esclareceu também que durante o encontro de hoje no Ministério dos Negócios Estrangeiros, o embaixador do Iraque entregou ao Governo português os elementos e o lado iraquiano das versões dos factos, que "foram reencaminhados para o Ministério Público".

Num comunicado conhecido nesta segunda-feira, a embaixada do Iraque em Lisboa alega que os filhos do embaixador agiram em legítima defesa, depois de terem sido "severamente espancados" e insultados por seis pessoas em Ponte de Sor. "Os filhos do embaixador do Iraque em Portugal foram severamente espancados por seis pessoas, que os agrediram e insultaram por serem árabes e muçulmanos", lê-se num comunicado, em árabe, publicado na página da embaixada iraquiana na Internet, dentro do site oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Iraque.

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