Morreu Arthur Hiller, o realizador de Love Story

O realizador canadiano, que também foi presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, tinha 92 anos.

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Arthur Hiller com Ryan O'Neal e Ali MacGraw MIKE BLAKE/REUTERS

Foram cinco décadas de uma carreira dedicada ao cinema que começou na rádio e na televisão. Arthur Hiller, realizador de Love Story (1970), a trágica história de amor que foi um êxito de bilheteira e lhe valeu sete indicações aos Óscares, morreu esta quarta-feira aos 92 anos, de causas naturais, anunciou a Academia. “Tive a felicidade de testemunhar em primeira mão a sua dedicação e a sua paixão pela narração visual de histórias”, escreveu em comunicado Cheryl Boone Isaacs, a actual presidente da Academia.  

Hiller foi presidente da Academia entre 1993 e 1997 e da Directors Guild of America (DGA) entre 1989 e 1993. Também Paris Barclay, presidente da DGA, lhe prestou homenagem, recordando que “quer estivesse a defender a integridade artística de realizadores de todo o mundo perante o Capitólio ou a estabelecer o primeiro comité para criar oportunidades para as mulheres e as minorias, a paixão de Arthur era exemplar e inspiradora”.

Arthur Hiller realizou mais de 30 filmes de vários géneros, do drama à comédia e ao musical, como Herói Precisa-se (1964), Por Favor Não Matem o Dentista (1979), O Expresso de Chicago (1976) e O Homem das Duas Faces (1975). No entanto, nenhum dos seus filmes atingiu o sucesso de Love Story, a história do romance entre um rico estudante de Direito de Harvard (Ryan O’Neal) e uma estudante de música proveniente da classe operária (Ali MacGraw). “Fiz de tudo para evitar que fosse uma telenovela. Queria que o público se emocionasse, mas não que chorasse desde o início”, disse em entrevista à Vanity Fair em 2010.

O filme, que lhe valeu em Hollywood nomeações para Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Actor e Melhor Actriz, arrecadou cerca de 585 milhões de dólares em bilheteira, sendo considerado um dos filmes mais rentáveis da história do cinema, uma vez que foi produzido por menos de dois milhões de euros. Hiller teve de jurar ao presidente da Paramount ser capaz de conseguir esse feito, que permitiu ao estúdio sobreviver e produzir êxitos como Chinatown (1974) e O Padrinho (1972). “Artur Hiller foi uma parte fundamental de uma das experiências mais importantes da minha vida”, declarou Ali MacGraw em comunicado. “Era um ser humano notável, talentoso e generoso e vou sentir muito a sua falta.”

Hiller ganhou também o Globo de Ouro por Love Story e comentou, na altura, a popularidade do filme, que arrastou multidões para as salas de cinema. “Lembro-me de passar de carro por um cinema onde estava a ser transmitido e ver uma fila que ocupava quatro quarteirões."

Não era, contudo, o seu filme preferido: segundo o jornal norte-americano New York Times, o cineasta apontou várias vezes que, de toda a sua filmografia, a sua obra preferida era Herói Precisa-se (1964), a história de amor de uma viúva de guerra (Julie Andrews) e de um comandante naval americano (James Garner) às vésperas do Dia D. 

Nascido a 13 de Novembro de 1923 em Edmonton, Alberta, no Canadá, Hiller teve o primeiro contacto com o mundo do espectáculo quando os seus pais, emigrantes polacos, montaram um pequeno teatro na cidade para apresentar peças em iídiche. Começou por ajudar a montar os cenários e estreou-se em palco aos 11 anos. Ao longo da sua carreira, representou pontualmente, tendo tido sobretudo papéis de juiz ou de cientista. “Pedem-me para representar uma vez por ano, mas não é a mim que querem, é ao meu cabelo”, brincou numa entrevista dada em 2003 ao Archive of American Television.

Arthur Hiller estreou-se no cinema em 1957 com o drama The Careless Years, mas começou por realizar talk-shows e documentários para a CBC em 1950, antes de trabalhar nas emissões ao vivo do canal. Em 1955 mudou-se para Los Angeles para trabalhar em séries como Gunsmoke, Naked City e Alfred Hitchcock Apresenta.

O seu crédito final como realizador é Pucked (2006), protagonizado por Jon Bon Jovi. Em 2001, recebeu o prémio humanitário Jean Hersholt pelo trabalho desenvolvido com várias organizações de caridade, instituições de ensino e grupos de direitos civis.

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