Nuno Espírito Santo vai a jogo com “dragão” unido na hora das decisões

Treinador do FC Porto quer devolver as noites de Champions aos adeptos e transformar o estádio num autêntico bastião, a começar já frente a uma Roma de grande tradição na Europa e que exige cuidado.

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O FC Porto joga esta noite o futuro. Literalmente. Não se trata apenas do acesso à fase de grupos da Champions, a que o “dragão” está umbilicalmente ligado, exibindo um registo impressionante de presenças na prova milionária. E milionária é mesmo a palavra-chave desta equação que os portistas pretendem descodificar. A gestão da expectativa assume, de resto, contornos dramáticos desde que o sorteio do play-off colocou a Roma em rota de colisão com o bicampeão europeu.

Em termos práticos, já todos sabem que estão reservados 14 milhões de euros ao vencedor da eliminatória. Mas essa é, provavelmente, uma fatia apenas interessante de um bolo hiper-calórico, atendendo ao impacto que a prova pode causar no que diz respeito à valorização de activos. Basta ver o exemplo de Herrera, cuja cotação em Itália se aproxima dos valores fixados pelo FC Porto para encetar negociações.

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Uma ou até duas transferências impulsionadas pela montra da Champions tornariam viável todo o redimensionamento desportivo e económico por que o FC Porto anseia para enfrentar a retoma no capítulo dos títulos, já para não mencionar os prémios em jogo para distribuir no percurso até Cardiff.

Daí a fortíssima carga emocional que pende sobre o “dragão”, que ao contrário dos italianos — que ontem fizeram aterrar em Roma o defesa brasileiro Bruno Peres, a troco de 12,5 milhões de euros, perfazendo mais de 100 milhões em compras em 2016-17 — terá que reservar algumas fichas para não comprometer o futuro, mesmo que isso se traduza numa incómoda “transferência” para a Liga Europa.

O enriquecimento lícito do plantel, com a chegada de nomes mais sonantes e onerosos, como Óliver Torres, Mangala ou Rafa, está por isso em suspenso.

A Nuno Espírito Santo compete, entretanto, encontrar soluções que permitam contornar este indesejável obstáculo, existindo ainda assim margem suficiente para manter a incerteza até ao último sopro do play-off.

Os próprios italianos apontam nomes que poderão fazer pender a balança a favor dos portugueses, com Herrera a dominar todas as atenções entre os mais cotados. Nápoles, Juventus e a própria Roma que o digam, apesar de Luciano Spalletti, técnico da Roma, negar interesse no mexicano, que elogia mas dispensa. Mas há mais: de Corona a Felipe, passando por André Silva, tudo gente disponível para ir a jogo, expressão adoptada por Nuno Espírito Santo na conferência de imprensa de ontem. O treinador do FC Porto resumiu tudo a uma noite difícil, igual a tantas noites que faz questão de devolver ao Dragão.

“Diante de nós estará a Roma, equipa com tradição na Europa, que merece o máximo cuidado. Mas queremos estar na Champions e que o Dragão desfrute. Portanto, vamos a jogo!”, sintetizou, reservando-se emocionalmente para a “hora das decisões”.

“A grande vantagem é sem dúvida o Dragão e os 50 mil adeptos que estarão connosco. Um dos objectivos é fazer deste estádio um terreno difícil para os adversários e impedir que tirem algo de positivo do Dragão”, vincou o técnico, indiferente à possível vantagem por ter vivido situação semelhante ao serviço do Valência, na época passada. Pormenores a que Nuno Espírito Santo não se prende, preferindo apresentar uma equipa “competitiva, solidária, unida e que não renuncie a nada”: “Só juntos e completamente comprometidos conseguiremos os objectivos”, reforçou.

De resto, o treinador do FC Porto contornou questões potencialmente reveladoras da estratégia para anular a Roma de Spalletti, cujo histórico de confrontos com o “dragão”, ao serviço do Zenit (dois empates e duas vitórias), acentua uma tendência que os portugueses não ignoram, o que poderá evocar o espírito luso que levou a selecção nacional à conquista do último Europeu e que Nuno admitiu poder encarnar sem precisar de fazer alterações no “onze” com que iniciou a época.

Para contrapor, optando por uma posição defensiva, os italianos Spalletti e De Rossi elogiaram o adversário. O capitão salientou o “talento” portista para se renovar, admitindo que “a força do FC Porto é mudar e continuar competitivo, apostando em jovens talentos”. Uma referência respeitosa, ao contrário da formulada por Vermaelen, que colocara a Roma num plano de superioridade a que o portista Danilo, que esteve ao lado de Espírito Santo na conferência de imprensa, se limitou a ignorar.

Também o treinador italiano abordou o jogo de forma profissional, focando-se no colectivo e na força indispensável para contrariar o FC Porto de forma a garantir o apuramento.

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