Forças líbias conquistam quartel-general do Estado Islâmico

Militantes ainda controlam algumas áreas residenciais em Sirte, mas tomada do centro de operações é o progresso mais significativo desde que EUA iniciaram bombardeamentos.

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Fotografia publicada pelas forças governamentais líbias no Facebook onde é mostrado centro de exposições de Sirte AFP

As forças militares líbias anunciaram a tomada de importantes pontos na cidade costeira de Sirte, o bastião do autoproclamado Estado Islâmico no país. O grupo jihadista ainda controla, porém, alguns bairros residenciais da cidade.

Depois de várias semanas de investidas contra as posições do Estado Islâmico, as forças líbias, apoiadas por ataques aéreos dos Estados Unidos, conseguiram tomar o controlo do centro de exposições Ougadougou — considerado o ponto fulcral das operações do grupo terrorista na Líbia.

De acordo com a Reuters, as forças líbias sofreram 18 baixas e tiveram 72 feridos, enquanto o Estado Islâmico disse ter perdido 20 combatentes. Nas últimas semanas os combates têm decorrido nas ruas de Sirte, especialmente em bairros residenciais, com as brigadas governamentais a avançar lentamente, enquanto tentavam evitar o fogo de atiradores furtivos, fios detonadores e minas terrestres.

“Sirte está a regressar à Líbia”, anunciava o grupo de soldados líbios, na sua maioria provenientes da cidade de Misrata, num comunicado publicado no Facebook. No entanto, os combatentes do Estado Islâmico continuam entrincheirados em algumas zonas residenciais no centro da cidade, que as forças líbias tentam agora penetrar.

Desde 1 de Agosto que a Força Aérea dos EUA apoia os esforços das forças governamentais líbias na luta contra o Estado Islâmico. Segundo a Al-Jazira, caças e drones realizaram 29 ataques. O Presidente Barack Obama justificou a decisão como uma questão de “segurança nacional”. É incerto se, após a tomada de Sirte pelas forças líbias, se a aviação norte-americana irá continuar a bombardear outras posições do Estado Islâmico.

Os serviços secretos norte-americanos calculam que o Estado Islâmico disponha de menos de um milhar de elementos em Sirte, na sua maioria combatentes estrangeiros e veteranos da Síria e do Iraque — países onde o grupo ainda ocupa vastas áreas.

A Líbia vinha a assumir um papel cada vez mais importante na estratégia do Estado Islâmico. A braços com perdas territoriais na Síria — onde estão pressionados perto de Raqqa — e no Iraque — onde perderam Falluja em Junho — o grupo encara a Líbia como a principal base de recrutamento no Norte de África, e operacional devido à sua proximidade à Europa.

Desde 2014 que o grupo terrorista está presente na Líbia, aproveitando o caos e o vazio de poder deixado pela intervenção da NATO que em 2011 derrubou Muammar Khadafi.

A libertação de Sirte seria um balão de oxigénio para o Governo de Unidade Nacional apoiado pela ONU que tenta impor a sua autoridade desde que foi instalado, em Abril. O GUN é apoiado por várias instituições e facções armadas de relevo, mas não controla grande parte do país, sobretudo o Leste, onde o líder não oficial é o general Khalifa Haftar, que comanda o que resta do Exército de Khadafi. Três governos disputam actualmente o controlo do país — dois em Tripoli e um em Tobruk, no Leste.

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