O mundo todo juntou-se numa sala

Como é tradição, a equipa norte-americana de basquetebol encheu a maior sala disponível. “É uma conferência de imprensa global”, notou o treinador Mike Krzyzewski, que após os Jogos Olímpicos abandonará o comando técnico da selecção.

Foto
Kevin Durant num treino da selecção norte-americana antes do início do torneio de basquetebol JIM YOUNG/Reuters

O mundo inteiro cabe numa sala quando o assunto é a equipa de basquetebol dos EUA. A tradicional conferência de imprensa da “selecção da NBA” atraiu uma pequena multidão que praticamente lotou os 700 lugares disponíveis. É o evento mais concorrido até ao momento – e pouco antes tinha passado pela sala o presidente do Comité Olímpico Internacional, Thomas Bach. “É uma conferência de imprensa global”, sublinhou o treinador Mike Krzyzewski, que no Rio de Janeiro cumprirá a sua despedida da equipa, após mais de uma década e duas medalhas olímpicas de ouro.

A azáfama que antecede a chegada de alguns dos melhores basquetebolistas do mundo reflecte a atribulação em que se tem vivido a contagem decrescente para a abertura oficial dos Jogos Olímpicos. Uma voluntária traz as folhas onde estão impressos os nomes dos intervenientes (no total, 15 pessoas subiram ao palco), outra traz as garrafas das bebidas que patrocinam os JO e coloca-as ao lado de cada nome. Ao mesmo tempo, um elemento traz uns suportes de plástico para cada folha e outro voluntário vem, zelosamente, acrescentar o seu toque: muda a disposição dos objectos, de forma a que, concluído o processo, cada folha com os nomes tenha à sua esquerda duas garrafas.

Na plateia, um exército de jornalistas de todos os continentes espera pela entrada em cena dos protagonistas. Carmelo Anthony, que vai disputar os quartos Jogos Olímpicos da carreira, é o mais procurado. “Mais uma vez, agora no Rio de Janeiro, quero ajudar esta equipa e levá-la à medalha de ouro”, vincou ainda no palco, antes de ser engolido nas entrevistas informais que se seguiram à conferência de imprensa.

Sempre num tom descontraído, o treinador Mike Krzyzewski alongou-se sobre o significado destes últimos Jogos Olímpicos da sua carreira. Após o Rio 2016, vai passar o comando técnico da equipa a Gregg Popovich. “Já sou treinador da equipa nacional há 11 anos, foi a maior honra da minha vida. Treino há 41 anos e não há maior honra do que treinar a equipa do nosso país. Aprendi muito com os jogadores, mas também pela experiência a nível internacional que esta oportunidade me deu”, sublinhou o técnico de 69 anos.

Mesmo sem nomes como LeBron James e Stephen Curry, os EUA são fortíssimos candidatos à medalha de ouro. “Ter tanto talento disponível é mais uma oportunidade do que um desafio. Um desafio seria não ter nada e ter de obter bons resultados. O meu trabalho é fazê-los sentirem-se confortáveis uns com os outros e que sejam eles próprios”, notou Krzyzewski, acrescentando: “Nunca tivemos a mesma equipa a representar-nos em duas competições consecutivas. Os problemas de saúde, os contratos ou as questões pessoais sempre fizeram parte do processo. Temos um grupo de jogadores e tentamos fazer o melhor com aqueles que temos. São rapazes fantásticos”. A estreia está marcada para sábado, diante da China (23h, RTP1), e, apesar de toda a experiência acumulada, o técnico confessou que ainda se deixa levar pelo nervosismo. “Claro, sempre. E entusiasmado também, pela antecipação de como vamos estar e reagir a um ambiente novo. Quando os jogadores desfilarem no Maracanã vão percebê-lo melhor.”

Com muitos estreantes olímpicos na selecção, uma das preocupações de Krzyzewski foi ambientar os jogadores: “Disse-lhes antes de virmos que iam estar numa conferência de imprensa que é global. Estão aqui alguns dos melhores jornalistas do mundo – vocês são os melhores, não são? [risos] – e pessoas de todo o mundo. Alguns devem ter ficado chocados quando entraram. Há muitos países representados, estamos num palco global. Na cerimónia de abertura vão senti-lo ainda mais, e isso é o mais importante nos Jogos Olímpicos. A cerimónia é uma montra para o desporto mundial, uma celebração de cada modalidade e cada país, num só local. É algo único, que só acontece a cada quatro anos.”

Só não lhe peçam para antecipar encontros para lá da fase de grupos (que para os EUA inclui, para além da China, a Venezuela, Austrália, Sérvia e França). “Não olhámos para além das equipas que estão no nosso grupo. Não é assim que eu treino. Damos um passo de cada vez e respeitamos todas as equipas. Questionarem-me sobre uma equipa com a qual não vamos fazer o nosso próximo jogo acaba por ser um insulto”, concluiu.

Sugerir correcção
Comentar