A “invenção permanente” de Ângelo de Sousa aterra em Paris em 2017

Ângelo de Sousa (entre 25 de Janeiro e 9 de Abril de 2017) vai focar-se na produção de pintura e fotografia dos últimos 40 anos em que o artista esteve activo.

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Ângelo de Sousa começou a expor em 1959. França nunca acolheu uma mostra do artista Daniel Rocha

A delegação em França da Fundação Calouste Gulbenkian vai receber uma exposição de Ângelo de Sousa (Lourenço Marques, 1938 – Porto, 2011), naquela que será a primeira apresentação pública do seu trabalho em terras gaulesas. Comissariada por Jacinto Lageira, crítico de arte e professor de Estética e Filosofia de Arte na Universidade Paris, Ângelo de Sousa (entre 25 de Janeiro e 9 de Abril de 2017) vai focar-se na produção de pintura e fotografia dos últimos 40 anos em que o artista esteve activo. A fecunda e multifacetada obra do artista portuense impuseram a Lageira uma selecção “difícil e drástica”. É que, para além da “quantidade imponente” que resultou de mais de cinco décadas de trabalho, Ângelo “gostava de trabalhar em séries, experimentando os suportes, os formatos e as escalas em todos os domínios da sua prática e sem exclusão de género ou de estilo”.

O período escolhido dá conta da “invenção permanente de Ângelo de Sousa que, apesar de dar grande importância ao formal, nunca foi um formalista”, preferindo “a materialidade e a corporeidade das coisas e dos seres”.

A diversidade da obra do “artista inesperado" – como lhe chamou Jorge Molder por ocasião da sua morte em 2011 – que não entrar nas salas da Gulbenkian de Paris caberá no catálogo da exposição que promete “outras dimensões e uma visão alargada” do trabalho de Ângelo de Sousa, principal impulsionador do grupo Os Quatro Vintes (com mais três colegas: Armando Alves, Jorge Pinheiro e José Rodrigues) e um dos nomes mais marcantes da arte contemporânea portuguesa da segunda metade do século XX.

Ângelo de Sousa começou a expor em 1959, numa colectiva que incluía, entre outros, Almada Negreiros. Ainda em Moçambique, onde viveu até aos 17 anos, desenvolveu uma especial apetência pelo cinema, mas foi forçado a desistir da formação nesta área e a dedicar-se às artes plásticas, tendo em conta a morte do pai e as dificuldades económicas que esse facto provocou no seio da família. A partir dos anos 60, Ângelo de Sousa mostrou o seu trabalho nas mais importantes galerias e instituições de Lisboa e Porto. Apesar do reconhecimento internacional ter aparecido em 1975, com a atribuição do Prémio Internacional na XIII Bienal de São Paulo, e de exposições em Madrid, Londres e Veneza, França nunca acolheu uma exposição do artista.

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