Perguntas & Respostas sobre células estaminais

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nFactos/Fernando Veludo

O que são as células estaminais?

São células presentes no sangue que permanece no fragmento do cordão ligado à placenta e podem dividir-se para produzir cópias de si mesmas ou diferenciar-se em muitos tipos de células existentes no corpo. Daí o seu potencial terapêutico para o tratamento de disfunções hematológicas e do sistema imunitário. O sangue do cordão foi usado pela primeira vez em 1988, num transplante feito pela francesa Eliane Gluckman numa criança de cinco anos que sofria de anemia de Fanconi. 

O que é a criopreservação?

O processo começa com a recolha do sangue (e eventualmente do tecido) do cordão umbilical no momento do parto. As células presentes no sangue são depois guardadas a uma temperatura de cerca de 196 graus negativos. Para ser preservado, é necessário que se colha um volume de pelo menos 70 cc de sangue. Quando isso não acontece, o sangue é incinerado como qualquer outro resíduo biológico.

Em que casos são utilizadas as células?

No tratamento de mielomas, leucemias, linfomas e neoplasias mieloproliferativas. Os doentes com estas condições médicas recebem elevadas doses de quimioterapia e radioterapia de forma a eliminar as células doentes e os médicos utilizam em seguida as células estaminais hematopoiéticas (presentes no sangue do cordão umbilical, mas também na medula óssea e no sangue periférico) de modo a repovoar com células saudáveis a medula óssea destes doentes. Actualmente decorrem investigações que visam determinar se é possível aplicar estas células no tratamento de doenças como diabetes, doenças cardíacas, paralisia cerebral ou autismo, mas a sua eficácia parece não estar ainda comprovada, embora os diferentes laboratórios privados apontem casos de sucesso nalgumas destas áreas.

Qual é a diferença entre o banco público e os privados?

No banco público, a recolha do sangue do cordão umbilical é gratuita e a amostra é inscrita numa base de dados disponível para doentes compatíveis de qualquer parte do mundo. No banco privado, a família paga entre 1000 e 2.400 euros para a recolha do sangue (e, se quiser, tecido) do cordão umbilical e a propriedade da amostra mantém-se na família por 25 anos, podendo apenas ser usada pelos próprios ou por algum familiar compatível. Ao contrário dos públicos, estes bancos não se encontram obrigados ao cumprimento das mesmas regulações e acreditações internacionais. Isso poderá levar à aplicação de critérios de qualidade menos rigorosos para o armazenamento das unidades de sangue do cordão. Por isso é que em muitos bancos públicos a taxa de rejeição chega a ser de 80%.

Quem pode doar?

Nos bancos públicos, o sangue só pode ser colhido em gravidezes de termos de mães saudáveis, sem tatuagens ou piercings feitos nos 12 meses anteriores à colheita. No caso de gémeos, os bancos públicos não aceitam a doação porque geralmente estes bebés não têm no cordão sangue suficiente que permita a realização de transplante, ao contrário dos privados. Do mesmo modo, são rejeitadas as diabéticas e o sangue dos bebés que cujos familiares directos tenham tido algum tipo de cancro. Geralmente, a proposta para doação deve ser feita entre as 28 e as 34 semanas, dado que a grávida é sujeita a uma série de análises para despiste de doenças infeciosas, incluindo Hepatites e VIH/SIDA.

Fonte: Comité Europeu para a Transplantação de Órgãos do Conselho da Europa

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