França “apoia muito o Governo português” na rejeição das sanções

António Costa encontrou-se este sábado com Manuel Valls, que realçou as "excelentes relações em todas as áreas" entre a França e Portugal.

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Tanto o Presidente François Hollande como o primeiro-ministro, Manuel Valls já assumiram o apoio francês ao Governo português, que está a pôr em prática uma estratégia diplomática para evitar sanções europeias pelo incumprimento do défice em 2015. Reuters

António Costa recebeu este sábado mais um apoio diplomático de alto nível da França à recusa de sanções europeias pelo incumprimento do limite do défice de 3% em 2015: o seu homólogo Manuel Valls disse que o Executivo francês “apoia muito o Governo português” e defendeu que “não pode haver uma Europa punitiva”.

“Estamos muito atentos às posições do Governo português. Não pode haver uma Europa punitiva”, começou por dizer o primeiro-ministro francês quando questionado pelos jornalistas, no final do encontro com António Costa no Palácio de Matignon, sobre se apoia Portugal contra as sanções europeias. Manuel Valls realçou que o país “fez muitos esforços que o povo português suportou”, numa referência ao período de ajustamento sob a orientação da troika, de 2011 a 2014.

O primeiro-ministro francês admitiu ser preciso “respeitar os compromissos” europeus mas, ao mesmo tempo, “ter em conta os compromissos assumidos pelo Governo de António Costa diante do povo”, até porque, salientou, "há um Governo e uma maioria que saiu das eleições e que tem toda a legitimidade". E rematou: “Por isso, evidentemente que apoiamos muito o Governo português."

António Costa está pela segunda vez em França no espaço de uma semana, depois de ter participado nas comemorações do 10 de Junho com o Presidente da República junto da comunidade portuguesa ali radicada. Na altura, ambos foram recebidos no Palácio do Eliseu, onde François Hollande afirmou que a França "não é simplesmente um parceiro no Conselho Europeu, mas um amigo" e que os dois países têm a mesma "visão europeia sobre Estado social, crescimento, emprego e refugiados e também sobre o papel da Europa". E acrescentou que "Portugal conta com o apoio da França para o ajudar nas questões económicas" - declarações que foram lidas por Costa como apoio expresso da França contra as sanções a Portugal e que dão força à estratégia diplomática que o Executivo português está a preparar a nível europeu.

No encontro, os dois chefes de Governo abordaram também o referendo britânico à permanência do Reino Unido na União Europeia. "O grande desafio que se coloca à Europa na próxima semana é a decisão que os ingleses tomarão sobre a sua permanência ou não na União Europeia", afirmou António Costa, defendendo que a Europa precisa de "um novo alento".

O primeiro-ministro português sublinhou a necessidade de se analisar "a forma como a Europa precisa de reagir, independentemente do resultado [do referendo], para recuperar o apoio popular, a confiança dos cidadãos nas instituições europeias" e para "fazer renascer esse projecto europeu que é absolutamente fundamental".

Manuel Valls salientou os "muitos laços entre França e Portugal" porque "há muitos franceses que se instalaram em Portugal e há, claro, muitos portugueses e franco-portugueses aqui em França". O governante francês acrescentou que as relações entre os dois países se estabelecem a nível económico, mas também "na área universitária, na investigação, nas novas tecnologias, na energia".

"Tivemos a oportunidade de falar sobre a próxima visita do Presidente da República da França a Portugal que terá lugar em Julho, [sobre] a necessidade de continuarmos a aproveitar este excelente momento das relações económicas entre os nossos países", contou aos jornalistas António Costa. O primeiro-ministro destacou que anualmente há dois milhões de turistas franceses que visitam Portugal e que a França é o segundo fornecedor de Portugal e o primeiro investidor estrangeiro, salientando haver "várias empresas francesas, neste momento, com intenções de investirem em Portugal".

Por sua vez, Manuel Valls disse esperar ir a Portugal alguns meses depois da visita do Presidente francês, destacando também as "excelentes relações em todas as áreas".
 

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