Portugal apela a estratégias coordenadas para o golfo da Guiné

Metade das importações portuguesas de petróleo vêm daquela área, de Angola e Nigéria.

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Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, defendeu o acesso das secretas aos metadados Enric Vives-Rubio

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal apelou esta segunda-feira aos países que integram o Grupo do G7 dos Amigos do Golfo da Guiné para que aprovem estratégias de combate coordenado às ameaças marítimas naquela região.

"É um apelo para progredirmos na implementação da chamada arquitectura da segurança marítima no Golfo da Guiné. Trata-se de desenvolver esforços conjuntos, quer no domínio jurídico quer na capacitação institucional, de modo a combater coordenadamente os tráficos de drogas, de pessoas, de armas, a pirataria e a pesca ilegal, que são as principais ameaças à segurança marítima no Golfo da Guiné e, portanto, no Mundo", disse à agência Lusa Augusto Santos Silva, no decorrer dos trabalhos da Reunião do G7 em Lisboa.

Para o chefe da diplomacia portuguesa, "a importância geoestratégica e geopolítica do Golfo da Guiné faz-se sentir quer no quadro global, quer especificamente para os interesses portugueses".

"Por isso Portugal aceitou este convite para presidir a este grupo de contacto que basicamente une os sete países mais ricos do Mundo, o G7, um conjunto de outros países europeus, asiáticos e americanos e os 14 países que fazem parte da grande região do Golfo da Guiné, para que possamos trabalhar em conjunto para aumentar a segurança marítima nessa região", realçou.

Augusto Santos Silva recordou que "metade das importações portuguesas de petróleo provém da grande região do Golfo da Guiné (Angola e Nigéria)" e apontou as duas principais dificuldades para a segurança daquela parte do globo.

"Há dois principais problemas ao desenvolvimento da segurança marítima no Golfo. O primeiro problema é a instabilidade política: a região ainda se caracteriza por um nível de instabilidade que não é desejável. Tem sido feito um esforço nos últimos anos, no conjunto dos países, para aumentar a estabilidade, mas temos todos que reconhecer que as ameaças que enfrentam os estados no Golfo da Guiné são ameaças muito fortes e muito assimétricas", explicou o ministro, dando como exemplo a luta da Nigéria contra "o grupo terrorista Boko Haram".

A segunda grande dificuldade, salientou, "está ligada à falta ou à menor capacidade quer das instituições quer do ponto de vista dos aparelhos e forças de segurança".

"Por isso é que, além deste esforço que faz no domínio multilateral, no plano bilateral Portugal tem desenvolvido acordos de cooperação - nomeadamente com São Tomé e Príncipe e Cabo Verde - para a capacitação das forças de segurança e temos uma cooperação muito estreita com o Estado angolano", apontou o ministro português.

Além de representantes do G7 e dos 14 países do Golfo da Guiné participam na reunião a Bélgica, a República da Coreia, a Dinamarca, a Espanha, a Noruega, os Países Baixos, Portugal e a Suíça, assim como a Austrália, o Brasil, a Grécia, a Turquia e o Uruguai, enquanto observadores. A União Europeia, o departamento das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) e a Interpol também têm representantes no encontro.

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