Prisões e esquadras egípcias sobrelotadas

Condições de saúde nos centros de detenção preocupam com taxas de ocupação de 300%.

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Tora, o complexo prisional nos arredores do Cairo onde está detido Taher Mokhtar Asmaa Waguih/Reuters

As sucessivas vagas de detenções desde o derrube do primeiro Presidente democraticamente eleito do Egipto, Mohamed Morsi, no Verão de 2013, tiveram uma consequência muito concreta: a sobrelotação das prisões e das esquadras do país, onde as condições de segurança e de saúde são piores do que nunca.

No início do ano, depois das detenções de activistas nas semanas que antecederam o quinto aniversário da revolta que depôs Hosni Mubarak, as cadeias estavam a 160% da sua capacidade e as quadras tinham três vezes mais pessoas do que o previsto – isto antes das centenas de novos detidos desde os protestos de Abril a pretexto da decisão de entregar à Arábia Saudita a soberania de duas ilhas no mar Vermelho.

A ONG Human Rights Watch voltou este mês a pedir às autoridades para libertarem Taher Mokhtar, um médico que investigava as condições de saúde nos centros de detenção a pedido do Comité dos Direitos e Liberdades do Sindicato dos Médicos, de que fazia parte. Mokhtar foi detido em Janeiro com os dois homens com quem partilhava casa.

No início do mês, um tribunal do Cairo ordenou a renovação por mais 45 dias da detenção preventiva dos três, acusados de “possuírem posters que apelavam aos protestos e ao derrube do Governo”. De acordo com os advogados de defesa, os únicos documentos encontrados no apartamento de Mokhtar referiam-se às condições médicas nas prisões egípcias.

“As autoridades egípcias parecem ver tudo o que é crítica como uma perigosa insubordinação”, afirmou recentemente Nadim Houry director-adjunto da Human Rights Watch para o Médio Oriente e o Norte de África. “Em vez de prender pessoas como Mokhtar, as autoridades deveriam estar a trabalhar para melhorar as condições em que se encontram os prisioneiros.”

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