Uma cidade em “estado de emergência”

Durante o festival de cinema, Cannes está rodeada de um dispositivo de segurança sem precedentes. É que o Euro 2016 também está aí à porta.

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Em Cannes são esperados, por estes dias, 36 mil profissionais de cinema e 4.500 jornalistas do mundo inteiro AFP PHOTO / ANNE-CHRISTINE POUJOULAT

Seis meses após os atentados terroristas de Paris, que fizeram 130 mortos, e sete semanas depois dos ataques em Bruxelas (32 mortos), e a um mês da abertura do Euro 2016, Cannes está rodeada de um dispositivo de segurança sem precedentes na história do seu Festival de Cinema.

Como o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, tinha anunciado há cerca de uma semana, e confirmou esta segunda-feira na sua deslocação à Côte d’Azur, o Governo francês disponibilizou “meios de segurança excepcionais”, com a consciência de que o festival representa “um risco que é maior do que alguma vez foi”.

Em declarações à imprensa, Bernard Cazeneuve lembrou que a França enfrenta “um inimigo que está disposto a atacar a qualquer hora”, daí a necessidade de “vigilância permanente”.

No caso concreto do Festival de Cinema, que começou esta quarta-feira, a cidade  cuja população triplica (para 210 mil habitantes) durante o evento  estará resguardada por um colete de segurança, segundo a descrição feita pelo jornal Libération, formado por quatro unidades de forças policiais móveis e uma equipa de desminagem, a que se acrescentam 200 polícias municipais, 500 seguranças no interior e nos arredores do Palácio dos Festivais, sete nadadores-salvadores na praia e um sistema integrado de vigilância a partir de 500 câmaras espalhadas pelas ruas.

Este sistema foi inicialmente testado, no passado dia 21 de Abril, com a organização, pela Brigada de Investigação e de Intervenção, de uma simulação de ataque terrorista ao Palácio dos Festivais, que contou com a participação de 180 figurantes e a intervenção de quatro supostos terroristas que assaltaram a sala principal de cinema, após a explosão de um veículo armadilhado junto a uma escola.

A acrescentar a todo este sistema, o presidente da Câmara de Cannes, David Lisnard, anunciou medidas suplementares de vigilância, nomeadamente com a realização de buscas aleatórias em todos os bairros da cidade.

A realçar a importância que a França atribui à segurança do festival que, para o país, é “a maior festa planetária do cinema”, a AFP noticia que as autoridades do país recorreram à ajuda de vários especialistas, inclusivamente um antigo responsável anti-terrorista israelita, para avaliar os pontos mais vulneráveis da cidade.

É que, durante os próximos 12 dias, não é apenas a segurança do Festival de Cannes que está em causa, mas “a própria imagem internacional da França”, admitiu Cazeneuve.

E o facto de o Euro 2016 estar a apenas um mês de distância – facto que levou já o Governo de François Hollande a prolongar o Estado de Emergência no país até ao final do torneio de futebol – faz do festival de cinema um teste à capacidade do país cuidar da segurança dos seus cidadãos e visitantes – recorde-se que em Cannes são esperados, por estes dias, 36 mil profissionais de cinema e 4.500 jornalistas do mundo inteiro.

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