Ibrahimovic contra “fantasmas” na Champions

Frente ao Chelsea, o avançado sueco procura contrariar as estatísticas e voltar e ser influente nas eliminatórias da Liga dos Campeões.

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Franck Fife

Quando, na noite desta quarta-feira, Chelsea e Paris Saint-Germain iniciarem a segunda mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, muitos vão, como habitualmente, fixar-se nas principais estrelas de cada equipa. Mas, dos 22 que vão iniciar o encontro, há um que merece particular destaque por (quase) todos os motivos.

Goste-se ou não da “figura”, Zlatan Ibrahimovic, ponta-de-lança sueco, é ainda - aos 34 anos – um dos mais brilhantes futebolistas mundiais. Os seus atributos técnicos e físicos quase só encontram paralelo na própria personalidade e ego, que o tornam naquele tipo de pessoa que, ou se ama, ou se odeia.

Independentemente dos gostos, o curriculum de "Ibra" responde por si. Conquistou títulos em todos os países em que jogou e marcou golos. Muitos golos. Para todos os gostos e feitios. De cabeça, calcanhar, em lances acrobáticos ou em toques de habilidade, não faltam no reportório do sueco "obras de arte" dignas de serem vistas até à exaustão.

Ao serviço do PSG, pela quarta época, a marca de Ibrahimovic no futebol francês é incontestável. Em três anos e meio, o número 10 dos parisienses já é o melhor marcador de sempre do clube (136 golos no total) e a sua influência na equipa faz com que muitos o considerem o melhor jogador de sempre a actuar em França.

Mas então onde falha o sueco? Precisamente na Liga dos Campeões e, em especial, nas fases decisivas.

Antes de iniciar o encontro desta quarta-feira, Ibrahimovic conta com um total de 116 jogos na Liga milionária, desde que se estreou em 2002-03 com a camisola do Ajax, tendo desde então apontado um total de 46 golos.

O registo, não é modesto. Vale-lhe o 11.º posto na lista de melhores marcadores de sempre da competição (em igualdade com Eusébio, Inzaghi e Benzema), com uma média de 0,4 golos por jogo, mas fica muito aquém das marcas conseguidas em competições internas. Se se comparar, por exemplo, com a performance de Zlatan nas três épocas e meia ao serviço do PSG, em que assinou 98 golos em 225 jogos (0,8 por jogo), conclui-se que a eficácia do sueco baixa cerca de 50% nos jogos da Champions.

Os números na Liga dos Campeões são ainda mais reveladores quando analisados em detalhe. É que dos 46 golos do avançado na máxima competição da UEFA, 38 foram apontados na fase de grupos e apenas oito em eliminatórias, cinco nos oitavos-de-final e apenas três nos "quartos".

Desde 2002 foram 37 os jogos a eliminar disputados por Ibrahimovic e apenas dois golos foram realmente decisivos no apuramento da sua equipa. Foi em 2010, quando bisou no empate do Barcelona em casa do Arsenal (2-2), resultado que deu vantagem à equipa catalã para passar às meias-finais, naquela que foi também a fase mais avançada da competição que teve oportunidade de disputar.

Num passado mais recente, com a camisola do PSG, o sueco saiu de prova por três vezes nos quartos-de-final, sem nunca ter conseguido impor a sua categoria a favor da equipa.

Ainda assim, naquela que pode ser a sua última época em Paris (termina contrato no final da presente época), o sueco parece determinado a acabar com o “fantasma” Champions. O primeiro passo foi dado no jogo da primeira mão, em Paris, em que inaugurou o marcador da vitória do PSG por 2-1.

A segunda prova de “fogo” do sueco é na noite desta quarta-feira, em Londres. Os franceses partem com vantagem mínima para a segunda visita a Stamford Bridge em dois anos (de novo nos oitavos-de-final), depois de no ano passado, sem "Ibra" (foi expulso aos 31 minutos de jogo), terem conseguido o apuramento para os “quartos” após o empate a dois golos no prolongamento.

Do lado inglês a vontade confunde-se com a necessidade de vencer, pois a continuidade na Champions é uma oportunidade para apagar a imagem de uma época muito abaixo das expectativas. O técnico Guus Hiddink sabe-o, mas alertou para a necessidade de controlar os nervos. “Estamos a reconquistar a confiança, mas precisamos de controlar os nervos e concentrarmo-nos para o jogo”, afirmou o técnico.

Quanto ao PSG vê-se “obrigado” a assumir o favoritismo, quer pela vantagem na eliminatória, quer pelo momento de forma da equipa, que já tem o título francês praticamente assegurado. Com ou sem inspiração de "Ibra", contar com craques como Di María, Cavani ou Thiago Silva certamente facilita a vida ao técnico Laurent Blanc, ainda assim, cauteloso. “Penso que vai ser um jogo mais difícil do que o do ano passado. Temos de controlar a ansiedade, mas somos conscientes do que podemos fazer”, afirmou.

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