Brincando aos clássicos

O novo ensaio dos Coen sobre a estupidez é muito divertido, mas é um peso-pluma.

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Os irmãos Coen parecem terem encontrado desde há algum tempo um “ritmo” curioso de produção, alternando um filme “para eles” e um filme “para o público”, ou seja, títulos menos evidentes e mais pessoais com objectos mais acessíveis e (à falta de melhor palavra) “comerciais”. Salve, César! seria então o “lado A/lado B” (conforme o ponto de vista) do excelente A Propósito de Llewyn Davis (2012), com um elenco de vedetas a brincar à “velha Hollywood”. É a mais recente encarnação do ensaio sobre a estupidez humana a que os irmãos regressam regularmente (pensamos, por exemplo, em Destruir Depois de Ler, 2008), sem a suave melancolia dos falhados de Llewyn Davis. Salve, César!, história de um dia na vida de um grande estúdio nos anos 1950, é muito divertido e cheio de observações mais ou menos certeiras sobre a “mentalidade de Hollywood”, mas é também um filme disperso, episódico, mais colecção de sketches individuais onde os Coen “brincam aos clássicos” do que objecto consistente e coerente. Duas horas bem passadas, mas um Coen “peso-pluma”.

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