São dez lugares de diferença: Lisboa ocupa o 42.º lugar; e Madrid, a capital espanhola, o 52.º. Falamos de qualidade de vida, com base no ranking da consultora Mercer que avalia 39 indicadores de diversas áreas em 230 cidades do mundo. Lisboa, a única cidade portuguesa que integra a lista, caiu um lugar relativamente ao ano passado, mas mantém-se à frente de metrópoles como Nova Iorque, Tóquio e Roma.

A queda de Lisboa, que contraria uma tendência de melhoria verificada nos últimos anos, não decorre de nenhuma degradação dos indicadores – que avaliam o ambiente político, económico, sociocultural e os serviços públicos, entre outros - mas resulta da subida de outras cidades. “A qualidade de vida em termos absolutos de Lisboa não desceu. O que se verificou foi a normal oscilação de algumas cidades, o que originou que, em termos comparativos, Lisboa tenha descido uma posição no ranking”, explica ao PÚBLICO Tiago Borges, responsável da Área de Estudos de Mercado da Mercer. Milão, por exemplo, subiu face a Lisboa, em comparação com o ranking do ano passado.

Viena, a capital austríaca, continua a ser a melhor cidade do mundo para viver. Zurique, na Suíça, ocupa a segunda posição e Auckland, a capital da Nova Zelândia, o terceiro lugar. No top das dez cidades com melhor qualidade de vida, sete são europeias. Três são alemãs (Munique, Dusseldorf e Frankfurt), duas suíças (Zurique e Genebra), uma dinamarquesa (Copenhaga) e a já referida capital austríaca. Longe dos primeiros lugares, surge a primeira cidade do Médio Oriente, o Dubai, que surge na posição 75. Dez lugares abaixo surge a líder da qualidade de vida no continente africano, a cidade sul-africana de Durban. No fim da lista surge Bagdad, no Iraque.

Um dos aspectos que permitem a Lisboa ganhar a Madrid é a questão da segurança, como mostra um ranking paralelo da mesma empresa exclusivamente dedicado a este aspecto, que coloca Lisboa na 59.ª posição e Madrid na 84.ª. Esta lista é feita com base em indicadores que avaliam a estabilidade interna, os índices de criminalidade, a aplicação da lei e o relacionamento com países terceiros.

No topo desta lista aparece o Luxemburgo, seguido por Berna, Helsínquia e Zurique, todas no segundo lugar. Apesar dos recentes ataques terroristas em Paris, o ranking das dez cidades mais seguras do mundo inclui sete localidades europeias. Ao Luxemburgo somam-se três cidades suíças, uma finlandesa, outra austríaca e por fim uma sueca. O rol completa-se com Singapura que ocupa o oitavo lugar, com Auckland e Wellington, ambas neozelandesas. 

Mas os problemas de segurança não deixaram imunes várias cidades europeias, como Paris que ocupa o 71. º lugar no ranking da segurança (bastante abaixo do lugar que ocupa no ranking da qualidade de vida, onde ficou na 37.ª posição) e Londres que se segue na lista, num mesmo lugar partilhado por seis cidades incluindo Nova Iorque. Sobre os Estados Unidos mais uma curiosidade: no top 50 desta tabela não há uma única cidade norte-americana. Contudo, o vizinho Canadá apresesenta cinco cidades nesta listagem (Calgary, Montreal, Otava, Toronto e Vancouver). Muito longe das cidades mais inseguras do mundo, que, segundo os dados deste estudo, são Bagdad e Damasco, na Síria.  

Porque não existem mais cidades portuguesas neste ranking? Tiago Borges adianta que a Mercer analisa os índices de qualidade de vida de mais de 400 cidades a nível mundial, nas quais se incluem, para além de Lisboa, Porto e Aveiro. O número cresce todos os anos. No entanto, explica o responsável da consultora, “para estabelecer um ranking é necessário manter a mesma base”. Por isso, foi seleccionado “um conjunto fixo de 230 cidades (as capitais de praticamente todos os países do mundo e um conjunto de outras cidades relevantes)”, que compõem a base fixa da avaliação da consultora.

O ranking da Mercer vai na 18.ª edição e é realizado com base em 39 critérios agrupados em dez categorias. A estabilidade política, os índices de criminalidade, as políticas de segurança, os serviços bancários, a eventual limitação de liberdades individuais, os serviços de saúde, o saneamento básico, os níveis de poluição do ar, a educação, os transportes, o tráfego rodoviário, os serviços básicos, a disponibilidade de bens de consumo, o mercado da habitação e até o clima integram os indicadores.