Ferro garante dar uma “ajudinha” para Guterres liderar a ONU

Os dois antigos líderes socialistas encontraram-se no Parlamento: o ex-alto comissário para os refugiados foi recebido pelo presidente da Assembleia da República.

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Guterres esteve nesta terça-feira no Parlamento para uma audição sobre a crise dos refugiados Miguel Manso

António Guterres encontrou-se durante meia hora com o presidente da Assembleia da República antes de uma audição na comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros sobre a questão dos refugiados a pedido do PSD. Os dois antigos líderes socialistas cumprimentaram-se com um generoso e efusivo abraço à entrada da sala de visitas de Ferro Rodrigues e este ofereceu a Guterres uma edição fac-similada sobre o palácio de São Bento.

No final, António Guterres saiu sem prestar declarações, mas Ferro Rodrigues fez questão de falar aos jornalistas sobre o “grande empenhamento do Parlamento português em conseguir ajudar que ele possa vir a ser o próximo secretário-geral das Nações Unidas”. Porque, argumentou, “num momento em que o mundo vive tantas e tão difíceis situações, tantas e tão difíceis crises “, Guterres é um “excelente” e “enorme candidato”, que “pode virar uma página nas relações internacionais com o seu humanismo, com a sua capacidade de trabalho, persistência e independência de espírito em relação aos diversos blocos” mundiais.

Por seu turno, já depois de ser ouvido pelos deputados sobre a crise dos refugiados, António Guterres disse aos jornalistas que se candidata porque tem um “conjunto de experiências e de capacidades” que considera “dever pôr a render” em prol das “causas nobres da humanidade, numa atitude de disponibilidade e de grande humildade”.

O presidente do Parlamento admitiu que a eleição pode não ser fácil caso a organização mantenha o processo com as regras tradicionais onde entram critérios como a geografia e o género do candidato, mas se se confirmar que as Nações Unidas desta vez querem um processo eleitoral mais aberto que pode até incluir debates entre os concorrentes, Ferro Rodrigues diz que a experiência e o trabalho de Guterres no ACNUR fazem dele o mais “reconhecido” e “melhor de todos”.

Realçando que cabe ao Governo o “papel principal” do apoio diplomático de Portugal a António Guterres, Ferro Rodrigues lembrou que se relaciona com os presidentes de outros parlamentos e afirmou que não deixará de “fazer tudo o que puder para dar uma ajudinha para que esse objectivo [de eleger Guterres secretário-geral da ONU], que não é apenas português mas mundial, possa vir a ser alcançado”.

Questionado pelos jornalistas no final da audição na comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, onde foi ouvido pelos deputados durante duas horas e meia acerca da crise dos refugiados, António Guterres realçou que teve “enormes privilégios” na sua vida política, desde viver a revolução democrática a ser alto-comissário, passando pelo cargo de primeiro-ministro durante sete anos, o que lhe deu “experiência e capacidades” para se candidatar.

Não quis falar sobre o processo, que está ainda “no seu início”, nem sobre o apoio informal que recebeu esta manhã do presidente da Assembleia-geral da ONU, Mogens Lykketoft, que em declarações à agência Lusa considerou Guterres “um bom candidato” e disse que foi um “muito, muito bom” alto-comissário para os Refugiados. António Guterres disse que “há decisões que são tomadas em momento próprio pela Assembleia Geral e pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas”. Mas realçou que “Esta é uma candidatura que não visa ninguém, não é contra nada nem ninguém; tem um único objectivo: pôr a experiência de uma vida ao serviço das causas nobres da humanidade, numa atitude de disponibilidade e de grande humildade.”

Sobre o facto de ser conselheiro de Estado do próximo Chefe de Estado, António Guterres disse esperar que Portugal “possa enfrentar com êxito os seus desafios e que para isso o Presidente da República dê um contributo positivo”, acreditando que Marcelo Rebelo de Sousa será um Presidente isento.

Notícia actualizada com as declarações de António Guterres

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