Netflix abre-se ao mundo mas ficam de fora China, Coreia do Norte, Síria e... Crimeia

Serviço de streaming, disponível em Portugal desde Outubro, chegou nesta quarta-feira a mais 130 países.

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Reed Hastings na apresentação desta quarta-feira AFP

Apesar da popularidade à escala planetária, muito por causa de séries como House of Cards ou Orange Is The New Black, o Netflix estava até agora em pouco mais de 60 países – em Portugal chegou em Outubro. O cenário mudou nesta quarta-feira, dia em que o serviço de streaming passou a estar disponível em quase todo o mundo, salvo algumas excepções como a China ou a Coreia do Norte. “É a revolução da televisão. Acabou a espera, acabou a frustração”, anunciou Reed Hastings, CEO do Netflix, na abertura do CES – Consumer Eletronics Show, em Las Vegas.

“Estamos hoje a assistir ao nascimento de um novo canal global de televisão pela Internet”, disse Hastings, já depois de fazer um breve balanço sobre o último ano do serviço, e anunciando assim a grande novidade para o que aí vem: “A partir de agora o Netflix vai estar no Azerbaijão, na Índia, na Nigéria, em Singapura, na Polónia, na Rússia, na Coreia do Sul." São mais 130 países, naquela que é a maior expansão da empresa norte-americana.

Reed Hastings contou como ao longo deste ano lhe perguntaram, em muitos dos países por onde passou, quando é que o serviço ali estaria disponível. “Nós ouvimos, aprendemos e melhoramos”, disse o responsável pelo serviço de streaming, explicando que mais idiomas foram acrescentados aos 71 já existentes, nomeadamente o árabe, coreano, o chinês simplificado e o chinês tradicional. Mas esta expansão não se ficará por aqui, garantiu. A empresa vai continuar a melhorar a sua oferta.
 

À porta da China
Apesar de agora disponibilizar legendagem e dobragem em chinês, ainda não é desta que o Netflix chegará à China. Mas a vontade de entrar neste mercado ficou explícita – a empresa tem encontrado alguns entraves no país e continua a procurar opções que lhe permitam fornecer o serviço. “A China é um mercado muito grande. Leva tempo, estamos a trabalhar com o Governo, é preciso permissão específica”, disse depois o CEO em conferência de imprensa. “Temos paciência e acho que vamos ser bem-sucedidos, mas vai levar tempo”, alertou.

A Coreia do Norte, a Síria e a região da Crimeia continuarão também a não ter acesso ao Netflix, devido a restrições impostas a empresas americanas pelo governo dos Estados Unidos, esclareceu Hastings.

Antes do grande anúncio, subiu também ao palco Ted Sarandos, responsável pelos conteúdos no Netflix e braço-direito de Reed Hastings, para apresentar as novidades do novo ano. Nada que não se soubesse já: novos, apenas os trailers para algumas das novas séries como The Crown, a primeira produção do Netflix filmada no Reino Unido, que acompanha a rainha Isabel II desde que se casou em 1947 até aos dias de hoje.

Se em 2015 a empresa multiplicou a aposta em conteúdos originais, em 2016 essa aposta será ainda mais forte com a estreia de 31 novas séries, entre as quais algumas novas temporadas (Orange Is The New Black, House of Cards, Demolidor), 24 longas-metragens e documentários originais, um vasto leque de programas especiais de comédia stand-up e 30 séries infantis originais.

Essa é uma das razões, aliás, para o lançamento simultâneo do serviço em mais cem países. Ao contrário do que é prática habitual  a equipa do Netflix viaja para os países aonde o serviço acaba de chegar, como aconteceu em Portugal , desta vez o anúncio fez-se nos Estados Unidos e de uma só penada. “Não queremos mais fazer lançamentos, andar de país em país, para nos concentrarmos no conteúdo”, explicou Sarandos na conferência de imprensa, defendendo que chegar a novos países é abrir o mercado do audiovisual. “Quantos mais países abrangermos, maior é a probabilidade de conhecermos mais argumentistas”, continuou, garantindo que o futuro da empresa passa muito pelo conteúdo global. “Queremos ficar cada vez mais locais, queremos levar as histórias locais para o mundo, como fizemos com Narcos ou Clube de Cuervos”, acrescentou ainda.

The Crown, por exemplo, podia ser só para o Reino Unido mas é para o mundo, tal como Narcos podia ser apenas para a América Latina mas não, queremos produzir local e distribuir global”, afirmou Reed Hastings, lembrando que apesar de o Netflix estar agora em praticamente todo o mundo há ainda situações em que séries mais antigas não estão disponíveis, como é o caso, em Portugal, de House of Cards, cujos direitos foram vendidos muito antes de o serviço chegar ao país. “Estamos prisioneiros destes últimos anos”, disse Hastings, com a certeza de que dentro de cinco a dez anos todo o conteúdo ficará disponível. “Queremos que os cidadãos do mundo tenham o mesmo conteúdo”, defendeu. “O lançamento de hoje é como ter um bebé. O trabalho a sério vem agora, nestes 20 anos que se seguem. Queremos ser populares no mundo como somos nos Estados Unidos.”

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