Neto de Khomeini candidata-se à Assembleia de Peritos no Irão

Candidatura tem ainda de ser aprovada no Conselho de Guardiões

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Hassan Khomeini é o primeiro da família a seguir o legado do avô, o ayatollah Ruhollah Khomeini REUTERS via TIMA

Hassan Khomeini, neto do ayatollah Ruollah Khomeini, líder da revolução islâmica, apresentou-se esta sexta-feira em Teerão como candidato às próximas eleições para a Assembleia de Peritos do Irão, que tem o poder de destituir o Supremo Líder do Irão e nomear o seu sucessor.

A Assembleia nomeou o actual Supremo Líder, Ali Khamanei, em 1989, após a morte de Khomeini, mas nenhuma das duas lideranças desde a revolução foi contestada. Eleita apenas a cada oito anos, a nova Assembleia vai a votos em Fevereiro do próximo ano e deverá ser a responsável pela nomeação do sucessor de Khamanei, agora com 76 anos de idade.  

Uma fonte próxima de Hassan declarou à Reuters que ele recebeu o apoio do Supremo Líder mas foi avisado que terá de responder pelo do avô: “Não há problema [na candidatura], tem apenas cuidado para não prejudicar o nome e o respeito de Khomeini”, terá dito o ayatollah Ali Khamenei ao candidato, num encontro a semana passada.

Hassan Kohmeini, religioso xiita moderado de 46 anos, é considerado próximo do actual Presidente, Hassan Rouhani, e do primeiro presidente reformista do país, Mohammad Khatami.

Apesar de o neto do percursor da Revolução Iraniana não manifestar publicamente posições políticas, tendo inclusivamente recusado em 2012 um convite dos reformistas para secandidatar às presidenciais, Hassan tem vindo a demonstrar-se crítico dos sectores mais conservadores do regime.

Numa entrevista de 2008 ao jornal Shahrvand, Hassan afirmou que “os que dizem ser leais aoimã Khomeini devem seguir a sua ordem de manter militares fora da política”, tecendo umapouco habitual crítica aos Guardas da Revolução, corpo de elite na dependência do Supremo Líder, que tem vindo a acumular poder político e económico no país.

Hassan Khomeini passa a ser o primeiro membro da família a entrar na vida política, numa altura em que o Presidente Hassan Rouhani espera que a ala moderada e reformista consiga a maioria dos assentos no Parlamento (Majlis) para o qual estão agendadas eleições no mesmo dia, 26 de Fevereiro.

A candidatura de Hassain à Assembleia de Peritos, que irá eleger 86 novos membros, todos teólogos ou juristas islâmicos, terá ainda de ser aprovada pelo Conselho de Guardiões, responsável também por determinar que candidatos podem concorrer às eleições legislativas.

É esperado que, nas urnas, Khomeini reúna apoio popular, e consiga garantir um lugar na Assembleia, mesmo depois de ter sido acusado de estar a protagonizar “uma jogada estratégica para camuflar o novo revisionismo no país”, pelo jornal Keyhan, controlado pelo Supremo Líder. A publicação acusou Hassan de “se aproveitar do nome de imã Khomenei para o usar contra o verdadeiro caminho do Kohmeini”. 

Akbar Hashemi Rafsanjani, ex-Presidente, membro da Assembleia e forte aliado de Rouhani, declarou recentemente que o órgão estaria já a analisar potenciais candidatos ao cargo de Supremo Líder.

 

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