Escolas de condução defendem videovigilância nas salas de exames de código

Presidente da Associação Portuguesa de Escolas de Condução defende videovigilância para “eliminar a corrupção nos exames de código”.

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Carlos Barbosa disse ter conhecimento de um caso de possível corrupção numa escola de condução

O presidente da Associação Portuguesa de Escolas de Condução (APEC), Alcino Cruz, defendeu esta quarta-feira a implementação de um sistema de videovigilância em todas as salas de exames de código do país, para ajudar no combate à corrupção. Em declarações à agência Lusa, a propósito da detenção na terça-feira de 14 pessoas, oito examinadores e seis proprietários e funcionários de escolas de condução, por suspeitas de corrupção passiva e activa e falsificação de documentos, Alcino Cruz disse "não ter ficado surpreendido com o resultado da operação" levada a cabo pela Polícia Judiciária (PJ). "Não me surpreendeu em nada. A corrupção nos exames de código não é nova. Já alertámos o IMT [Instituto da Mobilidade e dos Transportes] várias vezes e até agora nada foi feito. Nós defendemos que deveria haver em todas as salas de exames de código uma vigilância gravada e a interdição de telemóveis", salientou.

Alcino Cruz adiantou que a APEC já conta com equipamentos de videovigilância e que é proibido o uso de aparelhos electrónicos nas suas salas de exames. "Tivemos aqui várias pessoas que apresentaram equipamentos sofisticados ilegais e que conseguimos detectar porque temos todas as sessões gravadas em videovigilância. Não é permitida também a utilização de telemóveis. Mesmo que os levem para a sala de exames, não conseguem ter sinal", disse.

Na opinião de Alcino Cruz, sem a implementação da videovigilância "não é possível eliminar a corrupção nos exames de código". "Nos exames de condução é mais difícil de eliminar a corrupção, mas nos de código é possível", salientou o mesmo responsável.

O presidente da APEC adiantou que a associação tem vindo a alertar para a situação desde 2000, sendo que em Setembro passado voltou a falar sobre o assunto com o IMT. "Defendemos também junto do IMT que as provas deveriam ser localizadas no centro de exames e que a legislação deveria ser mais dura para quem viola as regras", concluiu.

A PJ informou na terça-feira que na operação Megahertz foram detidos doze homens e duas mulheres ligados a fraudes com cartas de condução, tendo sido realizadas oitenta buscas domiciliárias e não domiciliárias. Oito dos detidos são do centro de exames do Automóvel Clube de Portugal (ACP), no Porto.

Segundo a PJ, o modo de actuação dos alegados suspeitos da prática dos crimes consistia em fazer aprovar os candidatos em exames teóricos (código), com recurso à utilização de diversos equipamentos tecnológicos para registo de imagem e comunicação rádio com o objectivo de obtenção das respostas corretas, mediante contrapartidas de quantias monetárias.

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