Vendas do Grupo Volkswagen em Portugal estagnam em Outubro

Multinacional alemã informou que 800 mil carros podem ter "irregularidades" nas emissões de dióxido de carbono.

Foto
O grupo aponta para risco de dois mil milhões de euros com nova descoberta de "irregularidades" Anindito Mukherjee/Reuters

As vendas em Portugal das quatro grandes marcas do Grupo Volkswagen foram, em Outubro – o primeiro mês completo após a divulgação da fraude das emissões –, praticamente iguais às do mesmo mês de 2014. Mas a evolução, que não chega a 1%, ficou muito abaixo do total do mercado, que cresceu 16%.

Os dados mensais da Associação Automóvel de Portugal indicam que, em conjunto, Volkswagen, Skoda, Audi e Seat venderam no mês passado 2796 automóveis ligeiros (o que inclui uma pequena parcela de veículos comerciais), apenas mais 20 carros do que em Outubro do ano passado. A marca Volkswagen, a maior das quatro, viu as vendas descerem 3%, ao passo que na Seat a queda foi de 33%. Pelo contrário, a Audi cresceu 40% e a Skoda, 9%.

Apesar de o desempenho ter sido inferior ao do mercado, não é clara a ligação entre o comportamento das vendas e eventuais repercussões do escândalo que está a abalar o grupo. Por um lado, houve outras marcas que também tiveram recuos em Outubro, como é o caso da Kia, Mitsubishi e Honda. Também a Toyota, um dos grandes concorrentes da Volkswagen a nível mundial, só manteve as vendas de ligeiros em terreno positivo graças aos veículos comerciais. Por outro lado, não é a primeira vez que as marcas da multinacional alemã têm quebras este ano. Tinha acontecido, por exemplo, com a Volkswagen e com a Audi em Julho (recuos de 2% e 4%), enquanto a Seat teve ao longo de 2015 vários meses com quedas significativas em relação às vendas de 2014.

Outubro foi também um mês relativamente fraco para o resto do mercado. O crescimento de 16% nos veículos ligeiros (a grande maioria do sector automóvel) fazem deste o segundo pior mês do ano, com um total de 14.475 carros vendidos, dos quais 13.696 foram de passageiros. Este ano, o mercado de ligeiros já cresceu 26%, para um total em torno das 176 mil unidades.

Para o grupo alemão, as vendas em Portugal estarão longe de ser um motivo de preocupação, face à descoberta de que mais carros têm problemas com os níveis de emissão, num novo episódio da saga, cujos contornos ainda não estão inteiramente definidos.

Nesta terça-feira, a multinacional informou que investigações internas apuraram a existência de “irregularidades” nas emissões, desta vez de dióxido de carbono, que poderão afectar cerca de 800 mil automóveis, sem especificar modelos. “Uma estimativa inicial põe o risco económico em aproximadamente dois mil milhões de euros”, afirmou o grupo, que já tinha posto de lado 6,5 mil milhões para fazer face a despesas com a fraude.

O poluente a que a Volkswagen se refere é diferente daquele que levou ao rebentar do escândalo há um mês e meio, e o comunicado da empresa não vai inteiramente ao encontro da última acusação feita pela Agência de Protecção Ambiental dos EUA. Nesta segunda-feira, este organismo disse ter descoberto um sistema fraudulento em modelos de maior cilindrada do grupo – incluindo, pela primeira vez, carros da Porsche – que enganavam os testes no que diz respeito à emissão de óxidos de azoto. Poucas horas depois, a Volkswagen negava esta acusação.

As notícias pressionaram o preço das acções do Grupo Volkswagen ao longo do dia e a cotação acabou por encerrar a sessão no vermelho, com um deslize de 1,5%, para os 111 euros – ainda assim, um valor muito acima do registado nos dias após a fraude ser revelada, quando as acções se aproximaram dos 92 euros. Já a Porsche, que também é cotada, fechou quase inalterada, a valorizar 0,1%, enquanto a Audi caiu 1,4%.

Sugerir correcção
Comentar