O processo de arquivação e, porque não?, de entronização, da obra de Bruce Springsteen continua em marcha e, como aconteceu anteriormente com as reedições de Born to Run e de Darkness At The Edge of Town, mantém-se tarefa épica. Chegamos agora a The River, o álbum duplo originalmente editado em 1980. Preparem-se, ó devotos do Boss: está a chegar uma caixa, intitulada The Ties That Bind: The River Collection, com quatro CD, três DVD e um livro de capa dura de 148 páginas. A edição está marcada para 4 de Dezembro.

“O rock’n’roll sempre foi esta alegria, este tipo de felicidade que é, à sua maneira, a coisa mais bonita da vida. Mas o rock também é sobre a dureza e a desolação de estar sozinho”, líamos na biografia de Springsteen, escrita por Dave Marsh, Two Hearts, publicada em 2003. The River foi inicialmente pensado como álbum simples, mas cresceu até se tornar disco duplo enquanto canções eram resgatadas a sessões registadas para álbuns anteriores e desenvolveu-se ao sabor das leituras que Springsteen fazia então sobre a história americana, passado que cruzou com o presente da época, o da dura realidade económica e social americana do final da década de 70. “Foi o primeiro álbum em que comecei a abordar homens e mulheres com famílias e casamentos”, explicou no passado o cantor.

The Ties That Bind: The River Collection inclui o álbum duplo original, bem como a versão em disco único originalmente pensada, além, claro, do inevitável CD com maquetas de estúdio não editadas. Juntando a imagem ao som, descobrir-se-á na caixa um documentário sobre a gravação do álbum, da autoria de Thom Zinny, e o registo de um concerto de quase três horas dado a 5 de Novembro de 1980, na ressaca da eleição de Ronald Reagan enquanto presidente americano. Ou seja, o fã terá tudo a que tem direito. Os singles clássicos, como Hungry heart ou Fade away, o que ficara até agora escondido no estúdio, o contexto da gravação num documentário e, por fim, a vida que The River ganhou em palco. Tudo, repetimos.