Não há sobreviventes no avião que se despenhou na Indonésia

Autoridades dizem que o mais provável foi que avião tenha embatido contra o topo de uma montanha. Sector da aviação na Indonésia é um dos mais inseguros no mundo.

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A agência de busca e resgates indonésia só chegou nesta terça-feira ao local do desastre Indrayadi Thamrin/AFP

Não se encontraram sobreviventes entre os 54 passageiros que viajavam no avião que se despenhou no domingo na Indonésia, na província de Papua. O pequeno aparelho transportava 44 adultos, cinco crianças e cinco tripulantes, todos de nacionalidade indonésia.

Só nesta terça-feira é que elementos da agência nacional de busca e resgate da Indonésia chegaram aos destroços do voo, numa ravina íngreme a meio do caminho entre Jayapura, no Norte, de onde o aparelho ATR 42-300 partira, e Oksibil, o seu destino, no interior.

O terreno montanhoso e altamente florestado é, até ao momento, a explicação mais consensual para o acidente, segundo o director da agência nacional de resgates, Heronimus Guru. “Há a possibilidade de o aparelho ter atingido o pico [de uma montanha] e ter caído para a ravina, porque o local onde foi encontrado é íngreme”, disse nesta terça-feira, citado pela Reuters.

A caixa negra do avião foi já encontrada e as autoridades esperam por uma análise mais detalhada antes de avançarem com a causa definitiva do acidente. A zona é de tão difícil acesso que as equipas de resgate têm de construir um pequeno heliporto para prosseguirem os trabalhos.

O avião de dupla hélice transportava também cerca de 420 mil euros em dinheiro do Estado para um programa de ajuda humanitária às vilas no interior do país. De acordo com a Reuters, o “pobre” sistema bancário na Indonésia obriga muitas vezes a que este dinheiro seja enviado por transporte aéreo.

É o terceiro grande acidente aéreo na Indonésia em 2015 e o décimo quarto “incidente grave” no registo da operadora aérea Trigana. A Reuters, que cita responsáveis da agência de segurança aérea das Nações Unidas, explica que a Indonésia não está a conseguir lidar com a rápida expansão do transporte aéreo no país, em parte porque o seu Ministério dos Transportes “não tem trabalhadores suficientes”.

Em Janeiro, um voo da operadora Air Asia despenhou-se no mar ao largo de uma das ilhas do arquipélago, no Sul de Kalimantan, matando todos os 162 passageiros que seguiam a bordo. Em Junho, novo acidente: 113 pessoas morreram na queda de um avião militar C-130 sobre uma zona residencial em Medan, no extremo ocidente do arquipélago.

A própria operadora Trigana, cuja idade média dos aparelhos ronda os 26,6 anos – o avião que se despenhou domingo tinha 27 –, foi proibida de voar na União Europeia por razões de segurança.

Apesar de a Indonésia ter apenas pontuado 20% na categoria de “organização”, na última análise das Nações Unidas, e 31% na categoria de “investigação a acidentes”, a organização não identificou “preocupações significativas de segurança” no funcionamento do sector aéreo do país. Mas fontes da agência ouvidas pela Reuters dizem que enquanto o país não conseguir contratar e treinar profissionais da aviação mais rapidamente, e acompanhar o ritmo de crescimento da indústria, “não pode ter o mesmo nível de supervisão e certificação de um país com um sistema robusto”.

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