Represa de apoio ao combate a fogos na Peneda-Gerês está vazia há cinco anos

Estrutura foi construída há 15 anos, na Serra Amarela, mas em 2012 foi rejeitada a sua reparação, por motivos ambientais.

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Autarcas consideram que a represa é essencial para o combate a fogos no PNPG Nelson Garrido

Uma represa, construída há 15 anos, na Serra Amarela, no Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG), para facilitar abastecimento dos meios aéreos de combate a fogos está "vazia" há cinco anos, por não ter sido autorizada a sua reparação.

"É uma situação inadmissível. Existe um depósito onde os meios aéreos poderiam abastecer, facilitando o combate aos incêndios, como aconteceu em Terras de Bouro, e está vazio, há cinco anos. Está rachado e não nos deixam repará-lo", afirmou esta terça-feira à Lusa o presidente Associação de Desenvolvimento das Regiões do Parque Nacional da Peneda-Gerês (ADERE-PG), Vassalo Abreu.

O responsável, que é também autarca de Ponte de Barca, um dos cinco municípios com área integrada no PNPG, explicou que a estrutura foi construída em 2000, na zona de Pena do Eido, no alto da Serra Amarela, com apoio de fundos comunitários. O socialista adiantou que "em Julho de 2012 foi apresentada uma nova candidatura, que previa a reparação da represa, mas esta foi chumbada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), pelo facto de aquela se encontrar situada numa linha de água".

"Permitiram a construção e agora não deixam reparar", queixou-se, adiantando que o assunto foi apresentado, no domingo passado, ao secretário de Estado da Administração Interna, João Almeida, quando este se reuniu de "emergência" com os presidentes de câmara do distrito de Viana do Castelo, e a Protecção Civil, para analisar os incêndios que afectaram a região. "Sem este depósito os meios aéreos têm que abastecer nas barragens do Lindoso, ou de Vilarinho da Furna, perdendo mais tempo", frisou o autarca.

A Lusa pediu, por escrito, esclarecimentos à APA e ao Instituto de Conservação da Natureza e Floresta (ICNF), mas não obteve resposta.

Vassalo Abreu adiantou também que o caso foi abordado a semana passada, numa reunião da direção da ADERE-PG com responsáveis da Comissão de Comissão de Desenvolvimento Regional do Norte. "Ao longo deste tempo temos desenvolvido todos os contactos, enviado ofícios até para o secretário de Estado do Ordenamento do Território e Conservação da Natureza mas não conseguimos autorização para reparar a rachadela", sustentou.

Vassalo Abreu garantiu que "todos" os autarcas do PNPG "estão muito preocupados" com a situação face "aos incêndios que têm fustigado a região". "As entidades responsáveis pelo PNPG deveriam permitir a reparação do depósito, mesmo que seja numa linha de água, face à importância de defender o único parque nacional do país", disse.

Contactado pela Lusa, o autarca de Terras de Bouro, Joaquim Cracel, também manifestou "preocupação" pela falta daquele ponto de água, que considerou "muito importante" para "facilitar a missão de quem combate às chamas" que nos últimos dias também afectaram o concelho.

Constituído a 8 de Maio de 1971, o único parque nacional de Portugal abrange cinco concelhos dos distritos de Viana do Castelo, Braga e Vila Real, em mais de 70 mil hectares de área protegida, habitados por oito a nove mil pessoas. Integra a Rede de Reservas Biogenéticas do Conselho da Europa e foi distinguido, em 2009, com a declaração, por parte da UNESCO, da Reserva da Bioesfera Transfronteiriça Gerês-Xurés.

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