IGAS diz que inquérito ao presidente do INEM é secreto

Há duas denúncias em concreto que estão a ser investigadas há meses pela Inspecção-Geral das Actividades em Saúde.

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Miguel Manso/Arquivo

O mandato de Paulo Campos à frente do INEM tem sido muito atribulado. O médico e major tem sido alvo de várias acusações, que vão desde a ausência de diálogo com os trabalhadores a alegados favorecimentos, e a sua demissão já foi reclamada sucessivas vezes. Há duas denúncias em concreto que estão a ser investigadas há meses pela Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS), num inquérito que esta instituição afirmou ser “de natureza secreta”, numa resposta escrita enviada ao PÚBLICO.

Esta investigação foi determinada depois de no início deste ano, no espaço de poucas semanas, terem sido denunciadas, na comunicação social, duas situações que põem em causa a actuação de Paulo Campos. Uma das denúncias teve a ver com a transferência de helicóptero, do hospital de Cascais para o de Abrantes, de uma doente que o presidente do INEM terá visitado na qualidade de amigo da família, autorizando de seguida a sua transferência de helicóptero, apesar de o hospital de Cascais supostamente não ter pedido qualquer transporte.

Divulgado pela SIC e pelo Jornal de Notícias, o caso envolveu uma doente com um cancro de pulmão, alegadamente em estado terminal, que foi visitada pelo presidente do INEM no serviço de observações da urgência do Hospital de Cascais, onde permanecia desde o dia anterior. Nesse altura não havia vaga nos cuidados intensivos. Segundo o JN, o presidente do INEM apresentou-se no hospital como médico assistente a dar conta da assistência da vaga em Abrantes e terá sido ele a accionar o helicóptero de emergência médica. O jornal cita o presidente do conselho de administração do Hospital de Cascais a garantir que a instituição "não contactou o INEM nem solicitou qualquer transporte".

A versão que o INEM apresentou na altura foi a de que “a doente estava em estado crítico, sem definição concreta de prognóstico e sem vaga na Unidade de Cuidados”. Como a maior parte dos hospitais do país estava então “superlotados”,  foi pedido ao presidente “parecer sobre o pedido de transferência dessa doente para o Hospital de Abrantes, uma vez que aquela unidade hospitalar possuía cama livre em serviço adequado (Unidade de Alta Diferenciação Clínica)”, explicou o INEM, acrescentando que Paulo Campos “autorizou que fosse despoletado pelo CODU o procedimento de activação de transporte secundário, cumprindo” a lei. Apesar de ser doente crítica, ela “tinha  potencial de sobreviver”, enfatizou.  

A IGAS estava já a averiguar o suposto desvio de uma ambulância que transportava uma doente prioritária e que terá ocorrido para que a mulher de Paulo Campos (que é enfermeira da viatura de emergência de Gaia e faz turnos no instituto) entrasse a horas no hospital desta cidade nortenha, onde trabalha. Paulo Campos negou a denúncia e o secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, Leal da Costa, assegurou, dias depois, que mantinha a confiança na actuação do major. Leal da Costa adiantou mesmo que a investigação não indicava que tivesse existido qualquer atraso, antes desta estar concluída.

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