Exército indonésio faz “testes de virgindade” às recrutas

Human Rights Watch exige a abolição desta prática ”dolorosa e humilhante”.

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As mulheres casadas não podem ser polícias na Indonésia Reuters

Na Indonésia, as novas recrutas da polícia nacional e do exército são submetidas a "testes de virgindade", sendo as candidatas obrigadas a fazer exames de "obstetricia e ginecologia". As autoridades militares defendem que o exame é “relevante” pois as “mulheres imorais” não devem ser integradas na forças de segurança.

Num comunicado divulgado nesta semana, a organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW),  considera que se trata de um procedimento “cruel, desumana e degradante” e que viola “todas as leis internacionais de direitos humanos”.

A organização entrevistou 11 mulheres que realizaram o exame, inserido num conjunto de testes psicológicos e físicos de admissão ao exército, e que o descreveram como “doloroso e traumático”.

"As Forças Armadas indonésias deveriam reconhecer a humilhação" que estes testes provocam, considerou no comunicado a directora da secção de defesa dos direitos das mulheres da HRW. “O Presidente Joko Widodo deveria exigir aos militares a abolição imediata desta prática e tomar medidas para impedir que estes testes sejam realizados nos hospitais militares".

Citado pela televisão pública britânica BBC, o porta-voz do exército indonésio, Fuad Basya, defendeu a manutenção do procedimento e disse que a “Indonésia não pode aceitar” mulheres que praticam sexo por serem "imorais”. O acesso ao exército ou à polícia está vedado às mulheres casadas.

Nisha Varia disse ao jornal El País que esta prova é realizada na Indonésia sob o lema da “preservação da dignidade e da honra da nação”, e considera urgente mostrar aos dirigentes militares do país que os “testes de virgindade” não estão relacionados com o “fortalecimento da segurança nacional”.

Também a International Rehabilitation Council for Torture Victims (IRCT) descreve a "prova" como uma “violação grosseira dos direitos das mulheres”, tendo-o condenado recentemente numa conferência sobre medicina militar, realizada na Indonésia.

O exame é feito no país há várias décadas e tanto a IRCT como a HRW afirmam que o mesmo também é obrigatório para as noivas dos oficiais do exército indonésio. Para além da Indonésia, a prática foi denunciada pela  Human Rights Watch em países como o Afeganistão, a Índia ou o Egipto.

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