A estatística não é um bicho e pode ser uma coisa para miúdos

Exposição Pordata Viva – o Poder dos Dados abre portas esta quinta-feira e estende-se até ao final do ano.

Fotogaleria
Até Dezembro, parte do primeiro piso do Pavilhão do Conhecimento vai estar ocupado com estatística Daniel Rocha
Fotogaleria
No módulo Que país é este?, Portugal estende-se e encolhe, ficando mesmo disforme Daniel Rocha

A estatística não tem que ser um bicho-de-sete-cabeças. Pode ter ritmo, transmitir sensações, emoções e ser dinâmica. Aliás, dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB), a demografia ou economia portuguesa e da União Europeia podem mesmo ser divertidos. É isso que quer mostrar a exposição Pordata Viva – o Poder dos Dados, no Pavilhão do Conhecimento a partir desta quinta-feira, através da interacção com gráficos, ecrãs tácteis, balanças ou um set de DJ. O humorista José Diogo Quintela vai dar uma mãozinha todos os dias.

Sabia que o número de portugueses atingiu o seu máximo em 2010, quando chegou acima dos 10,5 milhões e que desde então a população tem vindo a diminuir? E que há dados estatísticos que comprovam que, ao contrário do que se pensa, Portugal não é um país de doutores e engenheiros e que não há sete mulheres para cada homem? Até Dezembro, parte do primeiro piso do Pavilhão do Conhecimento – Ciência Viva, no Parque da Nações, em Lisboa, vai estar ocupado com estatística. Através de dez módulos interactivos, crianças e adultos são convidados a interagir com dados que representam a realidade do país no tempo e a sua presença na União Europeia.

Numa parceria entre a Pordata (projecto da Fundação Francisco Manuel dos Santos que reúne dados estatísticos sobre municípios, Portugal e a Europa) e o Pavilhão do Conhecimento, a exposição utiliza dados reunidos na base do Pordata a partir de 1960 e até 2013 para saber mais sobre o país e a sociedade portuguesa. Num dos módulos podemos ser convidados a competir enquanto DJ ou dançarinos e fazer corresponder da melhor forma o ritmo da música ao ritmo de dados sobre o número de assinantes de Internet ou medalhas que foram ganhas por atletas nacionais.

No módulo Que país é este?, Portugal estende-se e encolhe, ficando mesmo disforme, para desafiar os visitantes a identificar as zonas do país onde há mais poder de compra, mais jovens com menos de 15 anos ou onde é feita a maior recolha de lixo doméstico por habitante. Algarve pode ser a resposta óbvia para a questão do maior número de residentes estrangeiros mas pode surpreender se a questão for sobre a reciclagem de desperdícios.

Logo ao lado, há uma balança, onde se pode saber o peso que Portugal tem no PIB da Europa. Os países da União Europeia são representados por discos, cada um com o respectivo peso. Por exemplo, colocando a Alemanha de um lado da balança e Portugal do outro, a contribuição para o PIB europeu é obviamente mais pesada do lado dos alemães do que dos portugueses. Aliás, chega-se à conclusão, pondo ou tirando mais discos, que a Portugal tem que ser adicionado o “peso” de Espanha, Polónia e Holanda para ficar lado a lado com o país dirigido por Angela Merkel.

No Desmistificador, os dados da Pordata desconstroem sete mitos sobre o que se pensa ser a realidade portuguesa através de factos. Se por um lado é verdade que há mais mulheres do que homens em Portugal, não é verdade que haja sete para cada homem. Na realidade a média é de dez para cada nove. E apesar de nascerem mais rapazes do que raparigas, a mortalidade é superior entre o sexo masculino. Doutores e engenheiros há muitos? O Desmistificador diz que não. Aliás, tendo em conta a média da União Europeia para o número de licenciados (30,3%), Portugal fica-se pelos 21,2%.

José Diogo Quintela vai estar diariamente na exposição. Não fisicamente mas através de um pequeno filme, onde dá um toque de humor à evolução de indicadores estatísticos desde 1960 e conta que, se por um lado, se chegava à Lua há cinco décadas, em Portugal, nessa altura, mais de metade das casas de banho do país não tinham água canalizada e o banho podia ser um problema.

Há mais cinco módulos para explorar além destes, como a Beleza dos Dados, Flashback Portugal ou Dados em Relevo. Nuno Garoupa, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, considera que a exposição vai ajudar à “divulgação da literacia estatística” junto do “público mais jovem e não só”, sem que seja de uma “forma fugaz”. Maria João Valente Rosa, coordenadora do Pordata, espera que este projecto aproxime o público do trabalho desenvolvido pela base de dados estatísticos, que esta quinta-feira celebra cinco anos de existência.

A exposição Pordata Viva – o Poder dos Dados vai estar no Pavilhão do Conhecimento a partir desta quinta-feira e até ao final do ano.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários