Polícia de Hong Kong vai deter líderes dos protestos pró-democracia

"O nosso primeiro alvo são os principais organizadores [do protesto], depois contactaremos outros, na segunda fase da operação", disse uma fonte policial.

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Os fundadores do Occupy, Chan Kin-man, Benny Tai e Chu Yiu-ming Bobby Yip/Reuters

Os principais organizadores dos protestos pró-democracia de Hong Kong vão ser detidos. Segundo o jornal local South China Morning Post, que cita uma fonte policial, mais de 30 pessoas começaram esta segunda-feira a ser notificadas para se apresentarem nas esquadras, devendo ficar detidos quando o fizerem.

A fonte do jornal de Hong Kong adiantou que os 30 organizadores vão ser acusados de suspeita de instigação à desobediência civil, organização de protesto ilegal e de ajuntamento ilegal. Entre os que começaram a ser chamados estão os líderes estudantis (a fonte não disse quais, mas os dois principais são Alex Chow e Joshua Wong), da Federação dos Estudantes (ensino superior) e do Scholarism (ensino secundário) - foram os estudantes que mantiveram durante meses o protesto nas ruas, com a ocupação de vias através de acampamentos.

A fonte do SCMP adiantou que entre os que foram chamados para serem detidos estão o magnata dos media Jimmy Lai Chee-ying, o líder do Partido Cívico e deputado Alan Leong Kah-kit, o presidente do Partido Trabalhista (e também deputado) Lee Cheuk-yan, e os três fundadores do movimento Occupy Central, o reverendo Chu Yiu-ming e os académicos Benny Tai Yiu-ting e Chan Kin-man.

"Vai-lhes ser pedido para irem à esquadra para serem acusados de ajuntamento ilegal", disse a fonte policial. "Se não vierem voluntariamente, iremos prende-los a casa".

O movimento Occupy Central - e o protesto pró-democracia que ficou conhecido nos media por "revolta dos chapéus de chuva", a arma dos manifestantes contra o gás lacrimogéneo usado pela polícia nos primeiros dias -, começou a 28 de Setembro quando Benny Tai apelou à desobediência civil. Em causa está a eleição do governador, em 2017. Quando Hong Kong foi devolvido à China pelo Reino Unido, em Julho de 1997,  ficou estabelecido no acordo de transferência da soberania que a população desta região de administração especial escolheria os seus líderes. Porém, o Governo de Pequim introduziu uma alteração na lei eleitoral do território, estabelecendo que a população pode votar para escolher o líder, mas a partir de uma lista de nomes aprovados pelo governo central.

O objectivo do Occypy, e do protesto, foi a realização de eleições livres. Durante quase três meses, os manifestantes - sobretudo estudantes - acamparam nas ruas dos principais bairros de Hong Kong. O protesto foi esmorecendo até que, a 15 de Dezembro, a polícia avançou para retirar os últimos acampamentos, terminando a revolta nas ruas.

Nessa altura, o comissário da polícia, Tsang Wai-hung, disse que os responsáveis - "os principais instigadores", nas suas palavras - seriam detidos e acusados, devendo a investigação ao que se passou estar terminada num prazo de três meses.

A fonte do South China Morning Post disse que a recolha de provas terminou e, por isso, avançou-se para a "primeira vaga" de detenções. "O nosso primeiro alvo são os principais organizadores [do protesto], depois contactaremos outros, na segunda fase da operação".

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