The Clash, 1 de Janeiro de 1977: o concerto que nunca vimos

Julien Temple filmou a banda em concerto no Roxy, em Londres, mas as imagens mantiveram-se inéditas até ao primeiro dia de 2015

O documentário mostra os Clash em ensaios, em concerto ou conversando descontraídamente sobre a sua música
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O documentário mostra os Clash em ensaios, em concerto ou conversando descontraídamente sobre a sua música DR
Na altura em Julien Temple os filmou, os Clash eram ainda desconhecidos para além da comunidade punk londrina
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Na altura em Julien Temple os filmou, os Clash eram ainda desconhecidos para além da comunidade punk londrina DR

Em 1976, Julien Temple já andava com a câmara apontada aos Sex Pistols. Então um estudante de cinema em Londres, na National Film School, percebera a força que emanava do movimento punk prestes a contribuir para a agitação de uma nação em crise – a britânica. Temple não apontava apenas aos Pistols. No primeiro dia de 1977, filmou o concerto de uma banda, então ainda desconhecida fora da pequena comunidade punk (o álbum de estreia só chegaria quatro meses). A banda eram os Clash e esse concerto é a base do documentário agora divulgado: The Clash: New Year’s Day 1977 .

Estreado na BBC Four a 1 de Janeiro, o filme está disponível online gratuitamente. Realizador de The Great Rock’n’roll Swindle (1979),o histórico documentário que captura os Sex Pistols no seu tempo e contexto, ou de Joe Strummer: The Future Is Unwritten (2007), sobre a vida e obra do vocalista dos The Clash, Julien Temple classifica o novo filme como “o último artefacto punk”: “não consigo explicar porque demorei tanto tempo a fazer alguma coisa com isto”, declarou em entrevista à BBC News.

"Isto" são as imagens dos jovens Clash, registadas a preto e branco no então emergente formato vídeo, em ensaios numa sala gélida em Chalk Farm, em conversa íntima e descontraída sobre a sua música e as suas ambições e ao vivo no Roxy, um clube em Covent Garden tornado iconográfico da cultura punk.

Às precárias e granuladas imagens registadas com os Clash Julien Temple reuniu agora, recorrendo ao arquivo da BBC, excertos de programas, noticiários ou entrevistas televisivas (Thatcher, por exemplo, aparece brevemente) que contextualizam a natureza da música e atitude da banda. Temple incluiu-as na montagem por duas razões. Por querer chegar a mais público que o formado pelos fãs dos Clash e por considerar o filme tudo menos um exercício de nostalgia. “Acho que é sobre o futuro, não sobre o passado. De certa forma, o punk é um desafio ainda por cumprir. Penso que a energia do punk é muito necessária neste momento, ainda que tenha que erguer-se de outras formas”, disse na entrevista supracitada. “O medo de cortes e a fragilidade do sistema financeiro não é muito diferente. Há os receios relativamente à imigração. Algumas pessoas sentem-se marginalizadas da mesma forma”, reflectiu.

Activos entre 1976 e 1986, os The Clash foram uma das mais influentes bandas do punk e do rock’n’roll, autores de álbuns históricos como London Calling ou Sandinista!. Tiveram na formação clássica Joe Strummer, vocalista e guitarrista, Mick Jones, guitarrista, Paul Simonon, baixista e “Topper" Headon, baterista. Joe Strummer morreu, vítima de ataque cardíaco, em 2002, aos 50 anos.

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