Cimeira dos bispos do Porto e de Coimbra relembrada 900 anos depois

O encontro dos dois bispos demonstra o peso da Igreja nessa altura, a influência que tinha no mapa do país, e o poder de que dispunha.

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Bispos da CPLP reúnem em Luanda para rezar e trabalhar Reuters

Dia 30 de Dezembro de 1114, algures em Figueiredo, lugar da freguesia de Pinheiro da Bemposta, Oliveira de Azeméis, o bispo do Porto D. Hugo e o bispo de Coimbra D. Gonçalo encontravam-se com o propósito de discutir os limites geográficos das duas dioceses. A cimeira episcopal seria inconclusiva, mas esse dia ficaria para a história como o primeiro passo dado na definição de fronteiras, numa altura em que a diocese do Porto tinha acabado de ser criada e era necessário marcar os seus limites a sul, onde confinava com Coimbra. A definição das fronteiras entre as duas dioceses não se fez de um dia para o outro. O processo demorou algumas décadas e os limites ficaram traçados já depois do estabelecimento do reino de Portugal em 1139.

Exactamente 900 anos depois, este encontro entre dois bispos, documentado no Livro Preto da Sé de Coimbra e no Censual do Cabido da Sé do Porto, é relembrado na capela de S. Luís, em Figueiredo, a partir das 21h00. Nesta sexta-feira, Carlos Costa Gomes, professor e investigador do Instituto de Bioética da Universidade Católica do Porto, fará uma contextualização histórica desse momento, seguindo-se uma tertúlia à volta do tema. Na mesma capela, será descerrada uma placa evocativa do dia em que os bispos do Porto e de Coimbra se reuniram para conversar sobre áreas territoriais de intervenção.

É a Associação Cultural e Recreativa Figueiredo de Rey, que nasceu há três anos e meio, que assume as rédeas destas cerimónias que serão prolongadas no tempo. “Sabemos muito pouco sobre este tema e queremos descobrir mais. Queremos saber mais sobre este episódio e sobre a nossa história”, adianta Paulo Oliveira, vice-presidente da associação. Nesse sentido, serão convidados investigadores, professores, académicos, para que se debrucem sobre esta reunião que aconteceu algures em Figueiredo – o local não se sabe ao certo - e as origens do lugar. Até porque o encontro dos dois bispos demonstra o peso da Igreja nessa altura, a influência que tinha no mapa do país, e o poder de que dispunha e que inclusive era disputado - recorde-se que as fronteiras das duas dioceses levaram anos a serem acertadas.   

A data ganha dupla relevância porque os relatos desse episódio são a mais antiga referência histórica conhecida do lugar de Figueiredo que, segundo a Associação Figueiredo de Rey, terá tido grande relevância no período medieval e medieval tardio, como atestam os forais atribuídos em 1258 e 1514. Paulo Oliveira também realça essa componente. “Faremos uma cerimónia simples para assinalar esse encontro que é, por sinal, a referência mais antiga do lugar de Figueiredo”, sublinha.

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