Professor universitário suspeito de burlar bancos em sete milhões de euros

Detidos pela PJ de Setúbal, o docente e o filho foram depois libertados pelo juiz de instrução.

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Um professor universitário e o seu filho são suspeitos de terem burlado duas instituições bancárias num total de sete milhões de euros, através de um esquema complexo que passaria pela criação de empresas de fachada e pela falsificação de documentos.

Detidos pela Polícia Judiciária (PJ) durante o fim-de-semana, os suspeitos, um com 68 anos e outro com 45, foram ouvidos esta segunda-feira por um juiz do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa. Apesar de estarem indiciados de associação criminosa, burla qualificada, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais e de um deles ter tentado fugir à polícia, o juiz de instrução decretou para ambos a medida de coacção menos gravosa: o termo de identidade e residência.  

O esquema só não causou mais prejuízos porque, apesar das inúmeras tentativas, nem todos os bancos concederam os financiamentos pedidos. A Polícia Judiciária contabiliza num comunicado que as várias tentativas de burla, que ocorreram em agências bancárias da Grande Lisboa mas também do Norte do país, rondam um “valor próximo dos 60 milhões de euros”.

O Departamento de Investigação Criminal de Setúbal da PJ avança numa nota divulgada esta terça-feira que no âmbito da Operação Pharma foram realizadas 15 buscas, constituídos oito arguidos e detidos os alegados mentores do esquema. Enquanto praticaria crimes, o suspeito mais velho dava aulas no Instituto Politécnico de Setúbal, mais precisamente na Escola Superior de Ciências Empresariais, tendo vários livros publicados na área das ciências económicas.

“Os arguidos gizaram e levaram à prática, desde 2009, um sofisticado e bem organizado plano para obtenção fraudulenta de financiamentos”, resume a nota da PJ. E acrescenta: “Sob a capa de uma aparente actividade farmacêutica empresarial, celebraram contratos de mútuo e de factoring, garantidos ou suportados em documentação de natureza contabilística e financeira sem qualquer aderência à realidade, incluindo documentação forjada de outras instituições de crédito e sociedades financeiras”. As empresas de fachada, explica a PJ, eram criadas com recurso a testas de ferro que davam o seu nome “a troco de míseras contrapartidas económicas”.

Na origem do esquema estiveram duas farmácias, uma localizada no Centro Comercial Colombo, em Lisboa, e outra em Paredes, que entretanto faliram. Estas instituições foram alvo de uma queixa-crime, noticiada pelo jornal i, com a farmácia de Paredes a ser acusada de desviar medicamentos para a antiga farmácia do Colombo, que estava atolada em dívidas e com entregas suspensas pelos fornecedores. O esquema, denunciado por ex-funcionários, terá permitido travar o fecho da loja do centro comercial, que acabou por ocorrer em finais de 2012. Com a falência das farmácias os suspeitos terão recorrido a outros esquemas para conseguirem novos financiamentos, que passariam pela criação de empresas fachada e pela falsificação de documentos.

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