Árbitro de baliza, uma ajuda na decisão e na dissuasão

O papel dos assistentes adicionais voltou ao centro do debate depois do penálti assinalado contra o Sporting, na Alemanha.

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A função do quarto árbitro volta a estar no centro do debate Foto: Toussaint Kluiters/Reuters

A introdução de mais um árbitro nos limites do terreno de jogo surgiu com o intuito de auxiliar as decisões do juiz principal, em particular nas jogadas que ocorrem dentro ou nas imediações da grande área. Em 2009-10, a Liga Europa recebeu a experiência pela primeira vez e, em 2011-12, o projecto foi alargado à Liga dos Campeões. Daí até à aprovação pelo International Board e à aplicação na fase final do Euro 2012 foi um passo.

"O balanço é altamente positivo, tanto mais que já muitas Ligas optaram por ter também árbitro adicional [a primeira experiência a nível doméstico aconteceu na Taça da Escócia, em 2013], fruto dos resultados e do enorme investimento que foi feito a nível financeiro e de recursos humanos", avalia Paulo Costa, ex-árbitro internacional português. "É mais uma pessoa a observar o jogo e um espaço específico e nevrálgico do terreno e torna-se um elemento dissuasor pela prevenção próxima da linha de baliza", acrescenta, em declarações ao PÚBLICO.

Na Veltins-Arena, porém, o russo Vitali Meshkov deu uma informação incorrecta a Sergei Karasev, transformando uma bola no rosto de Jonathan Silva numa bola na mão e, consequentemente, numa grande penalidade que custou a derrota ao Sporting (4-3). "Foi um lance de desconcentração de todo o tamanho. É uma desconcentração e uma ilusão óptica pouco compreensível", reconhece Paulo Costa, deixando claro que os erros ocasionais não podem pôr em causa a validade do projecto. "Quando é gritante, nós por princípio colocamos tudo em causa. Trata-se de um caso anómalo e surpreendente", acrescenta.

O papel do árbitro assistente adicional começou recentemente a ser mais valorizado pela UEFA também em termos de comunicação. Tudo com o intuito de acabar com a percepção (errada, segundo os responsáveis) de que se trata quase de uma figura decorativa. Em Maio, Pierluigi Collina, o responsável máximo pela arbitragem da UEFA, promoveu uma conferência em Turim para enaltecer o desempenho destes juízes e elencar exemplos de lances (pontapés de canto, faltas na área em jogadas de bola corrida, bolas na linha de golo) em que foram determinantes: “É importante haver aquilo a que chamo controlo partilhado”, vincou. Michel Platini, presidente do organismo, também não poupa elogios ao actual modelo. “O sistema de cinco árbitros, para mim, é quase perfeito”, assume.

O mesmo não poderão dizer os dirigentes do Sporting, que já avançaram com um pedido de esclarecimento junto das instâncias internacionais, lembrando que são defensores acérrimos das novas tecnologias para apoio à arbitragem: “Face aos acontecimentos do jogo da Liga dos Campeões que opôs a nossa equipa frente ao Schalke 04, a Sporting SAD decidiu apresentar um protesto junto da UEFA”, avançam, em comunicado.

Ainda assim, Paulo Costa acredita que esta solução, de dois juízes colocados sobre a linha final, é para manter: “A UEFA leva tanto em linha de conta esta função que, a partir desta época, há cursos específicos para esta função. Para os jogos importantes, a UEFA nomeia até especialistas neste domínio”.

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