Hospital de Vila Real trata doentes de oncologia do Nordeste Transmontano

Equipas de Vila Real vão deslocar-se a Macedo de Cavaleiros, que perdeu a única especialista desta área.

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A Unidade de Saúde do Noroeste gasta 220 mil euros anuais em transporte de doentes para o IPO, no Porto Fernando Veludo/Arquivo

As equipas do Centro Oncológico de Vila Real vão deslocar-se ao Nordeste Transmontano para tratarem os doentes desta região, que perdeu há três meses a única especialista que assegurava um tratamento de proximidade, anunciaram esta terça-feira os responsáveis por esta área na região.

As administrações do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) e da Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULSNE) divulgaram à Comunicação Social a parceria que ainda vai ser oficializada com o propósito de garantir aos doentes oncológicos do distrito de Bragança uma resposta de proximidade.

A colaboração entre as duas instituições transmontanas surge na sequência da saída, em Julho, da única médica oncologista que nos últimos dois anos permitiu aos doentes serem acompanhados e tratados no serviço de oncologia em Macedo de Cavaleiros.

Uma dificuldade que "acabou por se tornar numa oportunidade e que gerou uma solução muito melhor do que tinham até agora", segundo o presidente do Conselho de Administração da ULSNE, António Marçôa. As equipas do Centro Oncológico de Vila Real vão deslocar-se a Macedo de Cavaleiros conforme "a necessidade média que houver por parte dos doentes", como adiantou o presidente do CHTMAD, Carlos Cadavez.

Esta instituição dispõe de uma equipa composta por 15 médicos de diferentes áreas da especialidade que vão disponibilizar em Macedo de Cavaleiros, com exceção da Radioterapia. O Centro Oncológico tem equipamento capaz de dar apenas reposta aos doentes de Vila Real, pelo que os utentes do distrito de Bragança que necessitem deste tratamento terão de continuar a deslocar-se ao Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto.

O propósito desta parceria, que estreita o relacionamento entre as duas instituições de saúde transmontanas é "assistir, sempre que possível, os doentes próximo das suas casas e das suas famílias". "É muito mais barato para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tratar os doentes em Macedo de Cavaleiros do que fazê-los deslocar todos para o Centro Oncológico de Vila Real ou para o IPO do Porto", defendeu o presidente do CHTMAD, Carlos Cadavez.

Aliás, o presidente da ULSNE, António Macro, lembrou que o Centro Oncológico de Vila Real, inaugurado em 2009, "já foi concebido para tratar os doentes dos dois distritos, Bragança e Vila Real, e os responsáveis pela saúde em Bragança e Vila Real anunciaram que vão defender em conjunto um reforço do equipamento de radioterapia para tratar os doentes transmontanos na região e acabar com o grosso das deslocações ao Porto.

A radioterapia é área que necessita de um reforço adicional, segundo o presidente do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), Carlos Cadavez. "Neste momento só temos um acelerador e temos poder de resposta para todos os doentes do CHTMAD, [mas] esse acelerador não pode dar resposta aos doentes do Nordeste Transmontano", explicou, referindo-se ao equipamento utilizado nesta terapia.

Carlos Cadavez adiantou que está a envidar esforços, junto da tutela, ajudado pelo Conselho de Administração da ULSNE, para aquisição de um segundo acelerador, "que é necessário e premente para tratar todos os doentes localmente".

O presidente da ULSNE, António Marçôa frisou que "apoia incondicionalmente" o CHTMAD "na vontade que tem em aumentar a capacidade em radioterapia". "Porque nós sabemos que, sem isso, inevitavelmente alguns dos nossos doentes estarão a fazer as tais viagens desconfortáveis para o Porto, quando era escusado, podia ser feito em Vila Real", sustentou. Vila Real fica a meio caminho entre Bragança e o Porto e isso reduziria a viagem de mais de 200 quilómetros que muitos doentes oncológicos fazem para receber tratamentos de radioterapia no Instituto Português de Oncologia (IPO).

A ULSNE gasta anualmente 220 mil euros em transporte de doentes, a maioria desta especialidade, o que para o responsável pelo Centro Oncológico, Carlos Cadavez "é muito dinheiro, além do desconforto do doente". Carlos Cadavez ressalvou no entanto que a instalação de um segundo acelerador não significa que a região fica "auto-suficiente" no tratamento de doentes oncológicos. "Somos capazes de responder a 80% das necessidades, os outros 20% são tratados no IPO, são situações de diferenciação", explicou, apontando os casos das neoplasias do pescoço e da cabeça.

O presidente da ULSNE, António Marçôa, reforçou que se existisse capacidade adicional "toda a população do Nordeste podia ser tratada em Vila Real, mantendo na mesma o IPO toda a sua diferenciação e a sua excelência de tratamento nos casos que são muito mais diferenciados" "Eu penso que isso devia ser feito rapidamente, instalada a capacidade adicional na radioterapia", insistiu, reiterando o apoio a Vila Real para alcançar este objectivo.

No ano de 2013, o serviço de oncologia de Macedo de Cavaleiros atendeu 514 doentes num total de 2.687 consultas, e 238 doentes em mais de duas mil sessões no hospital de dia, em que se inclui a quimioterapia, como indicou o director clínico da ULSNE, Domingos Fernandes.

Já o Centro Oncológico de Vila Real contabilizou em 2013 quase oito mil consultas de oncologia, perto de 900 internamentos nas 28 camas disponíveis e mais de 5.500 sessões no hospital de dia. Segundo o responsável Carlos Cadavez, a instituição realizou ainda mais de 5.700 visitas em serviços domiciliários.

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