O grupo que actua esta quinta-feira, dia 14, na primeira noite do NeoPop, festival que desde 2006 faz de Viana do Castelo uma montra daquilo que a música electrónica tem para oferecer de mais estimulante, é para o techno aquilo que os Public Enemy são para o hip-hop. Ou seja, um colectivo que abriu novos horizontes musicais para o género enquanto, ao mesmo tempo, se apresentava como declaradamente activista, abertamente crítico daquilo que era a sociedade americana dos anos Reagan e da ostracização a que eram votadas as camadas mais desfavorecidas da população.

Subirão a palco às 00h30. Será a estreia em Portugal e será um concerto especial, com curadoria da Red Bull Music Academy. Durante uma hora, viajarão por toda a música que contribuiu para a sua formação e que fez a história de Detroit. “Do jazz à soul, gospel à house, hip hop ao techno”, como definem na apresentação no site do NeoPop. Em palco estarão o fundador Mike Banks, o teclista Jon Dixon, o saxofonista DeSean Jones e o DJ Mark Flash.

Formados no final dos anos 1980 por Jeff Mills e por Mike Banks, aos que se juntou pouco depois Robert “Noise” Hood, os Underground Resistance fizeram da sua música, partindo das premissas do techno que fervilhava em Detroit, uma confluência de linguagens ditas afro-americanas: atentos ao jazz, ao funk e ao hip hop, devotos do electro e mostrando-se ágeis, mais tarde, na incorporação no seu som dos ritmos quebrados do drum’n’bass. Jeff Mills e Robert Hood abandonariam o colectivo em 1992, mas as sementes estavam lançadas. Títulos como Your time is up, single de 1990, Fuel for the fire, do ano seguinte, ou Revolution for Change, o álbum de estreia, editado em 1992 (seguir-se-iam Interstellar Fugitives, em 1998, e A Hi-Tech Jazz Compilation, em 2005), não deixam dúvidas. Techno-activismo: Underground Resistance. Para ver esta noite em directo, aqui no PÚBLICO, entre as 00h30 e as 01h30.