Islamistas matam 21 soldados egípcios na fronteira com a Líbia

Instabilidade na Líbia tem sido aproveitada para tentar derrubar o Governo de Abdel Fattah al-Sissi.

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Os atacantes fizeram explodir um paiol de armas AFP

Pelo menos 21 militares egípcios foram mortos por um grupo de homens armados perto da fronteira com a Líbia, no sábado, numa zona que se tornou num refúgio dos militantes que lutam para derrubar o Governo do Cairo.

As autoridades de segurança disseram que os homens que lançaram o ataque eram contrabandistas, mas um porta-voz do Exército escreveu na sua página no Facebook que os responsáveis pelo ataque foram "terroristas" – o termo que as autoridades usam para se referirem aos militantes islamistas.

A mesma fonte, citada pela agência Reuters, disse que os atacantes fizeram também explodir um paiol de armas com uma granada durante a troca de tiros, matando os 21 soldados e ferindo quatro. O ataque teve lugar em Wadi al-Gadid, na fronteira com o Sudão e a Líbia.

Dois atacantes foram mortos nos confrontos com os militares egípcios, disseram fontes das autoridades de segurança citadas pela Reuters.

O Presidente do Egipto, Abdel Fattah al-Sissi, tem alertado várias vezes para a presença dos militantes, que aproveitaram o caos na Líbia para levarem a cabo operações ao longo da fronteira. Sisi reuniu-se com os líderes das autoridades de segurança do Egipto depois do ataque, avançou a agência estatal MENA.

Os responsáveis pelas agências de segurança do país dizem que os militantes pagam a contrabandistas para transportarem armas, incluindo metralhadoras e lança-granadas, para os seus camaradas no Egipto, que enfrenta também uma insurgência islamista na Península do Sinai, perto de Israel.

Os militantes do Sinai reforçaram os seus ataques contra polícias e soldados desde que o então chefe do Exército e actual Presidente, Abdel Fattah al-Sissi, depôs Mohamed Morsi, da Irmandade Muçulmana, no ano Verão do ano passado, e lançou um ataque feroz contra os islamistas. Centenas foram mortos em trocas de tiros e bombardeamentos.

As autoridades de segurança egípcias dizem que militantes que operam a partir da Líbia estão a unir-se aos islamistas que combatem no Sinai, uma aliança que poderá prolongar a instabilidade no Egipto e afugentar os tão necessários investidores que poderiam ajudar a economia do país.

A Reuters avança que os contrabandistas cobram até um milhão de libras egípcias (cerca de 100 euros) para transportarem armas em veículos todo-o-terreno pelo deserto. Cinco guardas fronteiriços foram mortos num ataque semelhante, na mesma área, há poucos meses.

As autoridades egípcias dizem que os militantes que estão na fronteira com a Líbia têm as mesmas ambições do grupo que se apoderou de várias zonas do Iraque – querem derrubar Sisi e criar um califado no Egipto. Sisi, que tem alertado para o perigo das milícias islamistas no Médio Oriente, disse que o Egipto não irá permitir que a instabilidade na Líbia ameace a segurança nacional do seu país.

O Egipto admitiu a hipótese de lançar uma ofensiva em território líbio este ano, numa tentativa de derrotar os militantes, avança a Reuters, com base em informações fornecidas por dois responsáveis da segurança nacional do país.

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