Casal emprestava com 25% de juros ao mês e roubava carros a quem não pagava

Feirantes e um empresário foram detidos pela PJ do Porto por roubo e extorsão. Ameaçavam os clientes com armas e são considerados muito perigosos pela polícia. Aguardam julgamento em liberdade.

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O cobrador foi considerado culpado dos crimes de coacção e injúrias Rui Gaudêncio

Um casal de feirantes e um empresário, detidos terça-feira pela Polícia Judiciária do Porto, apropriavam-se violentamente dos carros das pessoas a quem emprestavam dinheiro com juros usurários de 25% ao mês. Segundo a polícia, o roubo dos veículos era a forma com os detidos actuavam quando as prestações dos empréstimos que concediam começavam a falhar.

Os detidos, entre os 37 e os 59 anos e residentes em Matosinhos e Paredes, fariam daquela actividade um modo de vida há muito tempo, salientou ao PÚBLICO fonte da Judiciária. Foram, porém, apanhados apenas devido a uma denúncia de uma das vítimas, em Fevereiro deste ano. A pessoa que pediu 1500 euros, e que num ano teria de pagar 4500 euros só de juros, foi ameaçada com armas e ficou sem o automóvel.  

Quando os clientes falhavam o pagamento dos créditos, os detidos procediam, eles próprios, a cobranças difíceis com recurso a armas. Aliás, as vítimas eram logo intimidadas inicialmente. Eram obrigadas aquando do pedido do empréstimo a assinar notas de dívida em valor superior ao crédito realmente concedido.

A Judiciária considera os suspeitos pessoas extremamente perigosas, mas após serem, esta quinta-feira, presentes a um juiz de instrução criminal saíram em liberdade. Ficaram apenas sujeitos a apresentações diárias no posto de polícia local. Nem os antecedentes criminais por crimes cometidos com armas de fogo foram suficientes para assegurar uma medida de coacção mais gravosa, como a prisão preventiva.

Estão indiciados por crimes de roubo e extorsão agravados. Terão, acredita a polícia, feito dezenas de vítimas pelo que a investigação continua para que sejam abordados outros contornos do esquema usado pelos suspeitos. Os inspectores pretendem ainda perceber de onde vinha o dinheiro que o casal usava nos empréstimos.

O casal concedia os créditos com juros usurários a pessoas em desespero face a situações de falta de verbas para pagar contas urgentes. O terceiro elemento do grupo, que usava o título de empresário apenas como fachada, aponta a Polícia Judiciária, era quem angariava os clientes.

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