Líder da Irmandade Muçulmana condenado a prisão perpétua no Egipto

Mohamed Badie já tinha sido condenado à morte noutros dois processos.

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Badie numa sessão anterior em tribunal. O líder da Irmandade já foi condenado à morte duas vezes Tarek el-Gabass/AFP

Mohamed Badie, o guia supremo da Irmandade Muçulmana do Egipto, foi condenado a prisão perpétua por incitamento à violência por protestos contra o golpe miltiar que depôs o Presidente Mohamed Morsi há cerca de um ano.

Badie já tinha sido condenado à morte em outros dois processos. Num, em Abril, junto com mais de 500 outros apoiantes da Irmandade que receberam a mesma sentença num julgamento que foi alvo de repúdio internacional, com apenas uma sessão e sem direito a apresentação de defesa dos arguidos. Outro processo terminou com a condenação à morte de mais de 600 acusados. Na revisão das penas, resultou um menor número de condenações à pena capital, algumas dezenas.

Na decisão deste fim-de-semana o tribunal decidiu ainda condenar a prisão perpétua outros 36 elementos das Irmandade Muçulmana e condenar à morte dez outros líderes a apoiantes do movimento, ilegalizado em Dezembro de 2013. Dos condenados à morte, oito foram condenados à revelia, e dois estão detidos.

O juiz Hassan Farid disse que os réus estavam envolvidos em violência e no assassínio de duas pessoas “com objectivos terroristas” em protestos em Julho de 2013.

Os condenados no âmbito deste processo são ainda acusados de bloquear uma estrada a norte do Cairo durante os protestos que se seguiram ao derrube de Morsi, o primeiro Presidente democraticamente eleito do Egipto que ganhou oposição de movimentos liberais e dos militares por centralizar poderes e não garantir direitos das minorias. No entanto, os que temiam Morsi rapidamente se desligaram das autoridades militares que levaram a cabo uma violenta repressão dos protestos de apoio ao Presidente deposto e à Irmandade em geral, matando centenas de pessoas e prendendo milhares - A Amnistia Internacional diz que foram detidos pelo menos 16 mil pessoas no último ano.

Outro processo que provocou polémica e condenação internacional foi aquele contra três jornalistas da estação de televisão pan-árabe Al-Jazira, acusados de pertencerem à Irmandade Muçulmana. O julgamento terminou com a condenação dos três a pelo menos sete anos de prisão. Os jornalistas dizem que a acusação é “ridícula” e que nenhum tem nada a ver com o movimento ou a sua ideologia.

O novo Presidente, Abdul Fattah al-Sissi, que venceu as eleições de 28 de Maio contra quase nenhuma concorrência, prometeu eliminar o movimento islamista.
 

  



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