Americanos “invadem” Arena de Manaus mas Portugal tem apoios inesperados

Adeptos dos EUA estão em maioria. Portugal conta apoio de luso-descendentes e até australianos.

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A Arena Amazónia, onde EUA e Portugal vão jogar a partir das 23h Francisco Leong/AFP

É oficial, os australianos são camaradas de Portugal. Pelo menos os irmãos Meril e Richard Johnson, com quem o PÚBLICO falou este domingo nas imediações da Arena Amazónia. Vestidos com as camisolas da selecção nacional, ambos exibiram orgulhosamente a frase em português que ensaiaram para gritar se, por acaso, os EUA marcarem um golo: “Puta que pariu!” A três horas do início do encontro, o movimento era ainda pouco intenso em redor do estádio, mas, segundo dados fornecidos por um elemento da logística da FIFA, esta foi a partida que mais procura gerou, até ao momento, em Manaus. Muito por culpa da “invasão dos americanos, que já enchiam as esplanadas dos botecos da zona.

Entre eles estava Jeff Martins, um americano de Seattle, no estado de Washington, filho de pai português, nascido perto de Aveiro. Foi por esta via que ganhou a paixão pelo futebol, ao ponto de largar tudo e seguir com a namorada para o Brasil. Apesar da insistência paterna, o jovem não abdicou de apoiar a selecção do seu país natal. As cores americanas predominavam claramente nesta sufocante tarde de calor – as autoridades de Manaus esperavam uma enchente de 35 mil estado-unidenses por estes dias na cidade -, mas os portugueses lá foram surgindo, vindos dos mais surpreendentes locais, inclusivamente dos próprios EUA – Miami fica a cinco horas de Manaus.

Era o caso de Maria Soares, que trabalha como produtora no canal televisivo americano ESPN e estava de passagem pelo Rio de Janeiro quando decidiu aventurar-se numa viagem à Amazónia, para apoiar a selecção de Paulo Bento. Acompanhou-a o colega de trabalho Charles Simmons que, apesar da amizade que os une, não deixou de vestir a camisola americana.

Junto a uma das entradas do estádio, o PÚBLICO encontrou um grupo de portugueses vindos do Luxemburgo, que já assistira, “com trauma”, ao jogo de estreia, frente à Alemanha, em Salvador. José Gonçalves, proprietário de uma escola de condução e presidente de um clube de futebol federado do grão-ducado, foi o porta-voz.

Natural de Castro Marim, emigrou com a família ainda com sete anos, mas mantém um Português absolutamente irrepreensível. Bilingue, trabalha também ocasionalmente como relações públicas para a Federação de Futebol do Luxemburgo, ao serviço de quem esteve em Outubro do ano passado no Estádio Cidade de Coimbra. Na ocasião, acompanhou a selecção deste país, como tradutor, durante a partida de qualificação para o Mundial, que Portugal venceu por 3-0. “Estive depois na conferência de imprensa a traduzir as declarações do treinador do Luxemburgo”, contou, rodeado de americanos ruidosos.

Os brasileiros também compareceram para assistir ao jogo entre Portugal e EUA, mas o seu número não era elevado, pelo menos entre os residentes de Manaus. É que muitos quiseram aproveitar o domingo e ir passar o dia fora da cidade, viajando para alguns dos locais mais aprazíveis da região, como as cachoeiras da localidade de Presidente Figueiredo, a cerca de 100 quilómetros de distância. “Assim, fogem da confusão”, explicou o taxista César, agradado por haver menos intensidade do que é habitual no trânsito algo caótico da capital amazonense.

Os que resistiram aos apelos dos banhos e foram para a Arena Amazónia, fizeram-no por Cristiano Ronaldo. Principalmente algumas manauenses, transformadas em “cristianetes”, como explicou ao PÚBLICO Raquel Lima, uma das voluntárias da FIFA que prestam apoio logístico aos adeptos. “As minhas amigas estão todas apaixonadas por ele. Vieram assistir ao jogo, mas eu vou ter de ficar a trabalhar”, lamentou.

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