Seu Jorge: no princípio era o samba, agora é muito mais

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Traz a Portugal "América Brasil", álbum a meio caminho entre o tropicalismo brasileiro e a negritude americana; esta noite no Campo Pequeno, em Lisboa, amanhã no Coliseu do Porto

Seu Jorge, brasileiro, diz que o samba é "a nossa verdade, o nosso estandarte". E o samba atravessa tudo aquilo que faz o homem que foi Mané Galinha em "A Cidade de Deus", de Fernando Meirelles, e que foi depois chefe de segurança do barco de Steve Zissou, no delirante "Um Peixe Fora de Água", de Wes Anderson. Mas desde sempre que no samba não cabe tudo o que o define. De regresso a Portugal para dois concertos, esta noite no Campo Pequeno, em Lisboa, e amanhã no Coliseu do Porto, Seu Jorge traz na bagagem "América Brasil", o seu último álbum, experiência musical em que tenta fundir o tropicalismo brasileiro com a negritude americana. Tudo muito bem, que Seu Jorge é precisamente isso. Cresceu com o samba de Zeca Pagodinho, tem no ritmo o funk de Stevie Wonder ou Sly Stone, ataca o rock com o roll bem "swingado" e até pode pegar no violão para cantar um par de versões bilingues de David Bowie.

Editou recentemente um DVD, com a versão ao vivo de "América Brasil", mas não é em ecrã que a sua música melhor respira. Seu Jorge é homem de palco. Isso nos dizem os muitos concertos que dele fomos vendo por cá. Ele é cantautor que quer fazer a festa, é irresistível líder de orquestra que sabe quando acolher todo o protagonismo e quando deixar o povo reparar em quem o acompanha. E depois há reggae adocicado, há festim de percussão, há a "Carolina" ao violão, há "Mina do condomínio" e intervenção sem paternalismos. Poderá haver até, quem sabe, uns "oba oba oba!" adaptados de Sérgio Mendes para prazer da multidão.

Seu Jorge traz-nos "América Brasil" mas a sua música já é do mundo inteiro - e por cá fomos dos primeiros a reparar nisso.

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