Morrissey: o romance, o novo álbum e o caminho para Auschwitz

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Morrissey acaba de anunciar que está a meio do seu primeiro romance e prestes a começar a gravar um novo disco

A autobiografia ainda está bem presente na memória mas, na verdade, já tínhamos saudades de Morrissey. Assim é com as figuras larger than life. Portanto, depois de passar pela prosa muito elogiada em que conta a história do seu crescimento numa Manchester cinzenta, em que dá conta de como a música lhe salvou a vida e de como se sente miserável e irado, muito irado, ainda irado, por ter de enfrentar a injusta justiça britânica (palavras dele, muitas palavras ao longo de dezenas de páginas dedicadas aos processos judiciais), Morrissey strikes back.

O momento só pode ser de júbilo para os admiradores. Porquê? Porque numa entrevista a fãs publicada dia 2 de Janeiro em True To You, uma webzine dedicada ao cantor, ele revela que a Autobiografia foi um sucesso tão grande — “maior do que qualquer álbum que tenha editado” —, que já está a meio caminho de terminar o primeiro romance. Considerando o fino quilate das letras que escreve e aquilo que autobiografia revela, a curiosidade é grande. Para já, porém, tudo o que sabemos é isto mesmo: “Estou a meio do meu romance.”

Praticamente a mesma quantidade de informação que temos quanto à outra grande novidade da sessão de perguntas e respostas, a de que há um novo álbum prestes a ser gravado. Um fã turco perguntou o que achava o cantor de Maggie in the guillotine da sua cidade, Istambul, e ele haveria de perder-se em elogios (“só fica atrás de Roma”; “nela sinto que poderia não morrer nunca”). Antes disso, porém, lançou em preâmbulo: “Bem, vamos começar a gravar um novo álbum e uma das canções intitula-se Istanbul”. Será o sucessor de Years Of Refusal, editado em 2009. Para pôr as mãos nas novas criações de Morrissey, teremos pois de aguardar — espera-se que não demasiado.

Já para ouvir Morrissey a ser o Morrissey polémico dos últimos tempos, o fundamentalista vegetariano que vamos conhecendo tão bem, não há que esperar tempo algum. Entre as declarações publicadas pela True to You encontram-se frases como “se acreditas no matadouro, apoiarias Auschwitz” ou “não vejo diferença entre comer animais e pedofilia: são ambas violação, violência, assassinato”. Isto é Morrissey vintage recente. Mas também tivemos direito a Morrissey vintage, simplesmente. Qual a canção da sua autoria que mais admira: Life of a pigsty. Porquê? Morrissey explica: “A vida é uma pocilga porque todos nós, sem excepção, acabamos as nossas vidas em lágrimas. Muito poucas pessoas morrem num acesso de histeria numa roda gigante”. Ah, o bom velho Morrissey.

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